São Paulo, 1.º (AE) – Às vésperas da votação deste domingo (3), num ambiente de guerra eleitoral, PT e PSDB admitiram hoje (1º) que seus militantes vão fazer boca-de-urna no dia da eleição, descumprindo abertamente a legislação eleitoral. O PT distribuiu a seus candidatos a vereador “santinhos” com números de cada um e da candidata Marta Suplicy (PT), para serem utilizados neste domingo (3). O PSDB diz que recomendou à sua militância trocar a boca-de-urna pela fiscalização, mas ressalva que não tem como controlar seus candidatos a vereador.
Coordenadores da campanha do candidato José Serra (PSDB) denunciaram hoje que panfletos apócrifos com ataques pessoais ao tucano podem estar sendo preparados para distribuição em regiões de periferia, principalmente na zona leste da capital. O coordenador político da campanha, deputado Walter Feldman, afirmou que um acerto político foi sacramentado para promover essa distribuição clandestina de panfletos, justamente no período de “silêncio eleitoral”, em que as propagandas no rádio e na TV já terminaram.
Segundo ele, isso ocorreu em 1985, quando panfletos anônimos acusaram o então candidato Fernando Henrique Cardoso de ser “um anticristo, comunista e maconheiro”. O presidente do diretório municipal do PSDB, deputado estadual Edson Aparecido, disse que, apesar dessa ameaça, o partido não vai mudar sua tática de atuação no domingo. “Vamos fazer tudo respeitando a legislação eleitoral e concentrando esforços na fiscalização, fundamentalmente das seções eleitorais.”
Boca-de-urna – Embora formalmente prometam respeitar a lei eleitoral, os partidos enviam discretos sinais às suas militâncias para estimular a boca-de-urna. Fontes da coordenação de campanha de Marta admitiram que a distribuição de “santinhos” é inevitável no dia da eleição e que a força na boca-de-urna sempre foi uma marca registrada da participação do PT em muitas eleições do passado.
Os informantes disseram, inclusive, que o partido vai colocar nas ruas carros (Kombis e vans) caracterizados com a marca de campanha de Marta Suplicy. Formalmente, o partido garante que os militantes têm instrução clara para não se aproximarem dos locais de votação.
Já o PSDB jura que orientou os seus militantes a não fazerem boca-de-urna, pedindo, ao contrário, que eles se engajem nas ações de fiscalização dos partidos adversários. Mas uma fonte do partido reconhece que dificilmente os candidatos a vereador vão seguir essa recomendação e que eles sempre colocam seus parentes, amigos e equipes na rua, distribuindo “santinhos”.
Operação – A Justiça Eleitoral e a Secretaria de Segurança de São Paulo já têm pronta a Operação Eleições 2004, um forte esquema de controle e repressão à boca-de-urna, coordenado por juízes eleitorais e contando com 87 mil policiais militares e civis, 31 mil só na capital. A Justiça Eleitoral terá funcionários atuando junto à Polícia Militar, próximo ao telefone 190, e terá condições de acionar imediatamente o policiamento ante denúncias da população ou da fiscalização dos partidos.
Na capital, as denúncias podem ser feitas também para os telefones 3241-4148 e 3242-1588, ramal 333, da 1.ª Zona Eleitoral. O juiz da 1.ª Zona, José Joaquim dos Santos, foi categórico ontem, ao afirmar que a boca-de-urna será reprimida: “Trata-se de um crime que não será tolerado.”
Enquanto a eleição transcorrer, juízes eleitorais percorrerão os locais de votação. Eles terão a cobertura de esquemas especiais de contato com a polícia: de qualquer lugar poderão acionar comandos especiais já orientados para atuar na apreensão de material de propaganda e na prisão dos militantes que forem flagrados distribuindo material.
PT e PSDB avisam que vão descumprir lei e fazer boca-de-urna
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