São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse hoje que o PT deveria ficar indignado com os fatos que têm gerado uma repercussão negativa sobre o partido e não com as críticas que recaem sobre esse tema. "O PT fica indignado com as críticas, mas não fica indignado com o fato. (O partido) não aprendeu com a crise", afirmou o governador, que vistoriou hoje as obras da linha 4 do metrô, na zona oeste da capital paulista. As declarações foram dadas em resposta à decisão do presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, de processar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que afirmou em entrevista concedida à revista IstoÉ desta semana que "a ética do PT é roubar".
Apesar de evitar responder se concorda ou não com as afirmações de Fernando Henrique, Alckmin mostrou um discurso cada vez mais alinhado com o do ex-presidente tucano. O governador, que ao lançar sua pré-candidatura para a eleição deste ano insistia que a crise política não deveria ser colocada como tema central da campanha eleitoral, agora ressalta que o tema da ética estará de fato no centro das discussões.
Ao comentar a entrevista concedida ontem por FHC ao programa Roda Viva da TV Cultura, Alckmin enfatizou: "Ele (FHC) colocou a questão central da próxima campanha, que é a questão da ética. Ele colocou o dedo na ferida". Alckmin ressaltou ainda que já está mais do que provado que houve desvio de recursos públicos e irregularidades no atual governo. "Isso é público e notório", afirmou.
Questionado sobre se suas afirmações de hoje representam uma mudança em sua postura sobre qual será o tom da campanha deste ano, Alckmin negou qualquer desvio em suas atitudes. "Eu tenho colocado que os eleitores vão estar muito mais exigentes na eleição deste ano, primeiro do ponto de vista ético", afirmou o governador. "Mas é claro que não se pode fazer uma campanha só baseada nisso. Mas este é o fator central".
Segundo ele, a segunda exigência para os candidatos interessados na vaga que será aberta no Palácio do Planalto, será a qualidade de propostas. Mas também neste caso, Alckmin não deixou de fazer críticas ao PT: "O PT não fez nada do que ele falou durante 25 anos, então a eleição vai exigir mais qualidade de proposta". De acordo com o governador, os temas que deverão receber destaque neste caso serão a viabilidade do crescimento econômico e a situação fiscal do País.
