O PT deve indicar formalmente a ex-prefeita Marta Suplicy para o Ministério da Educação. Em reunião da comissão política do partido, marcada para hoje, os dirigentes petistas farão a ‘triagem’ das demandas de diversas alas por cargos. Representantes das principais facções abrigadas na comissão pretendem endossar, ainda, outras substituições na seara do partido, como no Ministério do Desenvolvimento Agrário e na Secretaria de Direitos Humanos.
Embora pareça inclinado a nomear Marta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu ontem sinais contraditórios e mostrou disposição de resistir às pressões do PT para obter mais espaço no primeiro escalão com a reforma ministerial, que só deverá ser anunciada após o carnaval. "Eles podem até querer, mas quem decide sou eu", disse Lula, à saída de almoço oferecido no Itamaraty ao presidente da Bolívia, Evo Morales, quando abordado por jornalistas que fizeram perguntas sobre o apetite do PT por cargos.
Lula repetiu não ter pressa de concluir as negociações para as mudanças na equipe. Mas uma troca é certa: a de Tarso Genro, ministro das Relações Institucionais, que ocupará a cadeira de Márcio Thomaz Bastos, na Justiça.
"Estou fazendo reflexões", afirmou o presidente. Na prática, apesar do interesse dos petistas, Marta ainda não recebeu convite de Lula. Se for mesmo para a Esplanada, ela desistirá de disputar novamente a Prefeitura de São Paulo, no ano que vem. Seus aliados avaliam que a troca é proveitosa porque, com o PT avariado pelas crises, Marta pode se tornar a candidata natural à sucessão de Lula, na eleição de 2010.
Foi o próprio presidente que pediu ao PT as indicações – não apenas para os ministérios, como para cargos nos Estados. Agora, a cúpula do partido pretende pressionar o Palácio do Planalto a delimitar o espaço da sigla no latifúndio ministerial: vai apresentar a lista de apadrinhados a Lula depois do carnaval. Além de ‘rifarem’ o petista Fernando Haddad, atual ministro da Educação, dirigentes do PT indicarão o deputado Walter Pinheiro (BA) para Desenvolvimento Agrário, no lugar de Guilherme Cassel – também filiado à legenda – e os ex-deputados Luiz Eduardo Greenhalgh e Renato Simões para a Secretaria de Direitos Humanos em substituição a Paulo Vanucchi. Na maioria dos casos, as facções petistas apresentarão indicações duplas ou até triplas.