O PT vai entrar na Justiça com duas ações contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pedindo a condenação criminal e civil, por ter afirmado que "a ética do PT é roubar". A informação foi dada hoje pelo advogado do PT, João Piza, que prepara os processos. O argumento central de Piza é que as declarações de Fernando Henrique "tipificam crime contra a honra do partido, dos militantes e de alguns dirigentes".
"Qualquer ser humano que fosse aquinhoado com a adjetivação de que sua ética é roubar teria de se defender processando o agressor boquirroto", argumentou o advogado. Ele deve entrar com as ações na Justiça entre quinta-feira (09) e dia 14, segundo o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).
No que se refere à ação civil, explicou Piza, será requerida a responsabilização de Fernando Henrique por dano moral. Em relação à ação criminal, trata-se, segundo o advogado, de crime contra a honra. "A questão é técnica, não é política", insistiu Piza. "Até se ele (Fernando Henrique) falasse alguma coisa sobre um ex-administrador público condenado a 8 anos de cadeia seria ofensivo."
Reação
Hoje, Piza não demonstrou preocupação em relação à declaração do ex-presidente, de que pedirá a exceção da verdade, caso o PT confirme a abertura de processo contra ele A frase foi dita durante a participação no programa "Roda Viva" da TV Cultura, ontem (06). "Se quiserem processar, que processem. Eu vou pedir a exceção da verdade. É só juntar tudo que está no Congresso e mandar para o tribunal", afirmou FHC.
"Vamos aguardar, serenamente, o processo", rebateu o advogado do PT hoje. "A ameaça da exceção da verdade não nos tira um segundo de tranqüilidade que, inclusive, deveria nortear as falas e ações do ex-presidente."
Berzoini voltou hoje a reclamar das declarações feitas por Fernando Henrique no "Roda Viva". "Ao falar que vai pedir exceção da verdade, o ex-presidente assume que falou sem ter qualquer base. Ele se pauta apenas em declarações dispersas e denúncias feitas que nem a CPI, que tem investigado obsessivamente, conseguiu provar", afirmou. No Instituto Fernando Henrique (iFHC), em São Paulo, hoje, ninguém soube informar quem o defenderia o no caso.