O Diretório Nacional do PT decidiu, por consenso, convidar o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para debater com integrantes do partido a política econômica do governo Lula. A decisão foi tomada durante reunião realizada em São Paulo no fim de semana. A data do encontro ainda não foi marcada, mas só deverá ocorrer no início de 2005.

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Em resolução aprovada hoje, o partido afirmou que vai continuar lutando por uma redução consistente e responsável da taxa básica de juros (Selic), da taxa de juros reais e da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Defendeu ainda um reajuste na tabela do Imposto de Renda (IR) e pediu ousadia ao governo Lula. "Conquistadas as condições necessárias para a retomada do crescimento sustentável, o governo e seus parceiros políticos precisam ser agora ousados na adoção de medidas para superar os gargalos do crescimento", diz um trecho. A recuperação real do salário mínimo ao longo dos anos também é defendida.

O presidente nacional do PT, José Genoino, acredita que Palocci não vai se negar a participar do encontro. Ele lembrou que em 2003 o ministro da Fazenda já foi a reunião semelhante.

Palocci é suplente do Diretório Nacional e sempre é convidado a participar dos encontros. "Ele não veio porque está em viagem de trabalho fora do País, mas enviou uma justificativa."

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Genoino argumentou que não se trata de insatisfação. "O partido tem sugestões e posições e vai dialogar", disse. O presidente do PT também negou que o PT esteja atravessando uma período de crise de identidade: "Com dois anos de governo Lula e outros dois pela frente, é necessário aprofundar as discussões sobre os rumos do PT e do governo."

Se por um lado houve consenso para o convite a Palocci, por outro o Campo Majoritário – que constitui maioria no Diretório Nacional – não conseguiu atrair as duas principais tendências da esquerda (Articulação de Esquerda e a Democracia Socialista) para a formulação e apresentação de uma única tese no fim do encontro. Os dois grupos de esquerda preferiram se unir a outras correntes e apresentar uma resolução em separado. Foram derrotados por por 34 votos a 21, prevalecendo a tese do Campo Majoritário. Dos 83 membros do Diretório, 56 participaram da votação.

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Genoino admitiu que a demissão de Carlos Lessa da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de elevar em 0,50 ponto porcentual a Selic na semana passada, pesaram na decisão dos petistas da esquerda de apresentar um texto próprio. "Estávamos trabalhando desde a última reunião da Executiva para costurar um documento de consenso", afirmou. "Tanto a Articulação de Esquerda quanto a Democracia Socialista me comunicaram na sexta-feira e no sábado que, em função de episódios conjunturais, a demissão do Lessa e a decisão do Copom, eles não se sentiram à vontade para fazer um documento conosco."