Em documento interno distribuído para os petistas envolvidos na campanha pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, integrantes da comissão do programa de governo fizeram um roteiro de respostas que devem ser dadas diante das críticas do candidato Geraldo Alckmin (PSDB) à política de segurança pública. No item "Pronunciamentos de Alckmin", os petistas destacam várias declarações do tucano e respondem com números e valores. Uma declaração de Alckmin citada no roteiro é a de que "todos os índices de crimes reduziram em São Paulo". A orientação aos petistas é "frisar que a redução de homicídios aconteceu no Brasil todo".
Para a declaração "o governo Lula não combateu o crime organizado", o roteiro apresenta uma série de dados sobre investimentos no Programa Integrado de Segurança Pública, aumento do efetivo da Polícia Federal e de delegacias. Os petistas ensinam a responder até ao comentário de Alckmin sobre a necessidade de modificar a Lei de Execuções Penais. "É importante lembrar que o tesoureiro de Alckmin era da comissão que redigiu a LEP. O candidato não explicita quais mudanças ele deseja fazer na lei", diz o documento. O jurista Miguel Reale Jr., integrante do comitê financeiro de Alckmin, participou não só da elaboração da LEP, mas também da comissão que, vinte anos depois, propôs mudanças na lei.
"Eu fui à fronteira: tudo abandonado", diz outro trecho do boletim de orientação aos petistas, reproduzindo uma das críticas mais freqüentes do candidato do PSDB ao governo Lula. "A Polícia Federal tem intensificado as ações na fronteira do Brasil, sobretudo na Região Amazônica", diz a resposta do PT. O roteiro destaca nove operações realizadas no atual governo e na administração passada e um projeto de atuação na fronteira do Brasil com Venezuela, chamada Vebra.
Parte das orientações aos petistas, com menos detalhes, foi utilizada em um boletim oficial da campanha, incluído no portal da campanha de Lula na internet, no dia 16 de outubro, intitulado "Segurança não é a praia dos tucanos."
O manual interno sobre segurança também indica a reação à afirmação de Alckmin de que "a Lei Lula amoleceu com o crime organizado". O comando da campanha explica que se trata da Lei 10792, aprovada em 2003, "com apoio do PSDB, inclusive". A lei fixa medidas que devem anteceder o envio de um preso para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), como uma audiência com o juiz, manifestação da defesa do criminoso e do Ministério Público. O lei também fixa o prazo máximo de um ano para o RDD. "O governo Lula batalhou no Congresso justamente para retirar o RDD da ilegalidade", diz o documento de orientação do PT.