O PT de Luiz Inácio Lula da Silva viu sua bancada crescer de 8 para 13 senadores e vai figurar como o terceiro maior partido do Senado Federal, tomando o lugar do PSDB de José Serra, que encolheu a sua de 14 para 11 na próxima legislatura. O que poderia ser visto como uma nova correlação de forças não é comprovado quando se analisa o restante da composição parlamentar da casa. O PMDB e o PFL deverão, mais uma vez, possuir as duas maiores bancadas a partir de 2003.
É quase certo que o próximo presidente do Senado fique entre essas duas forças políticas tradicionais. Tanto o PFL, que terá 19 senadores, quanto o PMDB, com 21, terão mais poder para disputar o cargo e também ficar com o maior número de comissões técnicas e estratégicas.
O próximo presidente, seja ele Lula ou Serra, terá de ser mais hábil e inteligente nas negociações com os senadores. “Qualquer que seja o futuro presidente, ele vai ter grande dificuldade de compor maioria”, afirmou a coordenadora do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Iara Pietricovsky.
O PT surpreendeu nesta reta final e registrou o melhor desempenho de sua história nas eleições parlamentares. Novos nomes, como o deputado paulista Aloizio Mercadante, que conseguiu uma expressiva votação, Fátima Cleide, de Rondônia, e Flávio Arns, do Paraná, são alguns destaques. Pela primeira vez, os petistas terão mais senadores do que os tucanos, que perderam três cadeiras. Em São Paulo, por exemplo, o PSDB perdeu a vaga que tinha justamente para o partido de Lula.
Os peemedebistas perderam espaço no Senado. Na atual legislatura, eles mantinham a liderança com 23 votos. A partir de 2003, o PMDB contará com 21 senadores, dois a mais que o PFL.
Segundo os resultados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram eleitos 14 senadores pelo PFL e nove pelo PMDB. Hoje, 5 pefelistas e 10 peemedebistas ainda dispõem de mais quatro anos de mandato no Senado.
Se Lula for eleito, haverá uma pequena recomposição da casa. Isso porque o candidato a vice-presidente, o senador José Alencar (PL-MG), abandonaria o cargo e abriria espaço para seu suplente. No caso, Aélton José de Freitas, filiado ao PMDB. Caso isso não aconteça, o PL aumentará sua bancada de um para três senadores.
Indefïnição
O PDT elegeu quatro senadores, mas a nova composição de sua bancada na casa ainda depende do resultado das eleições do Paraná, onde o senador Álvaro Dias (PDT-PR) disputa o segundo turno para a sucessão estadual com o também senador Roberto Requião (PMDB-PR).
O PTB, hoje com cinco senadores, passará para quatro a partir de 2003, enquanto o PSB perderá uma vaga e ficará com dois senadores. O PPS, o PPB e o PSD terão um parlamentar cada. Um parlamentar ainda se encontra sem partido. João Batista da Mota, suplente do senador Paulo Hartung (PSB-ES), eleito governador do Espírito Santo.
Na nova composição, o Senado ganhará quatro novas parlamentares e terá, no total, nove mulheres na casa. Na avaliação de Iara, do Inesc, políticos como Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Jader Barbalho (PMDB-PA) voltarão com menos força política no Congresso, enquanto figuras como Aloizio Mercadante poderão ter mais destaque.