O coordenador da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, acusou ontem a oposição de querer ganhar a disputa eleitoral ‘no tapetão’, provocando instabilidade política a partir de um ‘factóide’ – fato sem consistência, artificialmente criado para exploração política.
Numa resposta à movimentação das cúpulas do PSDB, PFL e PPS, que na noite de ontem traçaram uma estratégia para atingir Lula, alegando uso eleitoral da Polícia Federal (PF), o comitê petista também convocou para hoje reunião com os representantes dos partidos da coligação A Força do Povo (PT, PC do B e PRB) e com líderes aliados do PSB e PMDB.
A nova batalha ocorre a doze dias da eleição, motivada por reportagem desta semana da revista Veja, que acusa a PF de agir politicamente nas investigações sobre a tentativa de compra, por parte de petistas, de um dossiê contra o então candidato José Serra (PSDB), hoje governador eleito de São Paulo. Diante das ameaças da oposição de solicitar à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a fiscalização do trabalho da PF, além da convocação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para dar explicações ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a cúpula da campanha petista decidiu reagir.
"Nossa resposta será à altura dessa manobra de tentar resolver essa eleição no tapetão", afirmou Garcia, que também preside o PT. "Vamos deixar claro que essa manobra não passará. Não vamos aceitar passivamente esse tipo de ofensiva, sobretudo porque seus fundamentos são falsos. Não será com factóides, subterfúgios e leguleios que vamos resolver a eleição", insistiu numa referência ao uso de chicanas durante o embate.
Para o governador eleito da Bahia, Jaques Wagner (PT), o PSDB tenta alavancar a candidatura de Geraldo Alckmin usando de leviandade e oportunismo. "Isso é desespero eleitoral, uma irresponsabilidade. Tentam pegar o patrimônio dessa Nação, que é a Polícia Federal, para tentar virar o jogo e ganhar na mão grande. Na mão grande não vão ganhar." Ao lado de Wagner e do governador eleito de Sergipe, Marcelo Déda (PT), Garcia também disse que processará a Veja. "Eu sou apresentado pela revista como Bin Laden", protestou, em referência ao chefe do grupo terrorista Al-Qaeda. "Vou tirar o meu turbante e tomar as medidas necessárias.
Para o comando da campanha, é ‘totalmente fantasiosa’ a reportagem que acusou Bastos de montar uma farsa para abafar o caso do dossiê, na tentativa de blindar Lula. Questionado sobre o motivo da demora da PF em revelar a origem do R$ 1,75 milhão que seria usado para comprar o dossiê, Garcia repetiu que tudo é investigado.