PSDB quer solução rápida para situação de Palocci

O PSDB quer uma definição rápida para a situação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM), acha que, qualquer que seja o desfecho, será "difícil e traumático" para o Brasil. Preocupado com os rumos da economia, o senador confessa que vive um dilema: endurecer o discurso contra Palocci, contribuindo com a demissão dele, e exigir explicações das denúncias de corrupção. "Confesso que não é uma tarefa nada agradável para mim", afirmou o tucano, que vai interpelar Palocci quando ele comparecer ao Senado, na próxima semana.

"O ministro vai jogar uma partida decisiva no dia 22, como se fosse o final da Copa", avaliou. O PSDB cobra de Palocci esclarecimentos de pontos considerados nevrálgicos: a relação dele com ex-auxiliares envolvidos em denúncias de corrupção durante a gestão como prefeito de Ribeirão Preto, sua relação com essas pessoas já como ministro e, por último, seu papel como arrecadador de recursos para o PT. "Sabemos como tudo isso é grave e sabemos também que Palocci não é um ministro qualquer. O Brasil não pode deixar de agradecer a ele", emendou Arthur Virgílio, fazendo elogios pelo fato de o ministro ter posto a economia no rumo "mesmo em meio à crise de desconfiança do governo do PT".

Nos bastidores, parlamentares do PSDB acreditam que Palocci não agüentará as pressões e deve deixar o governo. Apesar de considerar que a eventual demissão do ministro é um problema exclusivo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PSDB está preocupado com os desdobramentos na economia. Na convenção nacional do partido, neste fim de semana, os tucanos prometem críticas duras ao governo, abordando problemas éticos e administrativos, sem entrar na situação de Palocci. "Mas se errarem na mão adotando uma posição heterodoxa, haverá risco de desconfiança na economia", avaliou Virgílio. Para o senador, se o substituto de Palocci tiver como principal objetivo a vitória do presidente Lula em 2006 vai desencadear crise na economia.

Ao mesmo tempo, o senador interpreta que, se o sucessor for da linha de Palocci, certamente o PT ficará contra. O líder do PSDB sempre adotou uma postura menos dura em relação a Palocci. Mas, na semana passada, durante o depoimento de seu ex-assessor Vladimir Poleto, subiu o tom ao afirmar que está decepcionado com o ministro da Fazenda por conta das denúncias. Palocci teria ficado magoado, tanto que desabafou com Murilo Portugal, secretário executivo da Fazenda, que tem relações estreitas com o PSDB.

Já o líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP), adota uma postura mais crítica. Ele defende, por exemplo, que Palocci trate das denúncias de corrupção na CPI dos Bingos e fale apenas de economia durante depoimento conjunto que fará às Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e de Finanças da Câmara. Por sugestão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), essa audiência poderá ser realizada no plenário do Senado. "Acho um erro falar de matéria de CPI em comissão permanente. Não há demérito nenhum ir a uma CPI", afirmou Goldman.

Para o deputado, a oposição nada tem a ver com os ataques contra Palocci que, segundo ele, saem do Ministério Público de Ribeirão Preto. "A situação dele não é boa e suas condições políticas e morais são bastante frágeis", afirmou. "Isso é problema do presidente Lula". Ao contrário de Virgílio, Goldman faz críticas à política econômica de Palocci. "É frágil e medíocre", disse. Segundo ele, os conflitos no governo não são por conta de divergências de política econômica. "O conflito é em relação ao que é melhor eleitoralmente para o presidente Lula em 2006", concluiu.

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