O PSDB protocolou há pouco, no Supremo Tribunal Federal (STF), um pedido de explicações com objetivo de compelir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a explicar, em juízo, as declarações feitas por ele na semana passada em Jaguaré, no Espírito Santo, segundo as quais havia um processo de corrupção grande envolvendo o processo de privatização no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Caberá agora ao STF decidir se aceita ou não o processo.
Embora se trate de uma iniciativa partidária, o secretário-geral do PSDB, Bismarck Maia (CE), disse que o pedido de explicações foi assinado apenas pelos advogados do partido. "Não queremos caracterizar a nossa cobrança de explicações como uma ação de oposição e, por isso, nenhum parlamentar acompanhou os advogados ao tribunal", afirmou Bismarck, ao salientar que os tucanos tiveram a preocupação de fundamentar o pedido de forma técnica, sem adjetivos. "Não queremos nos aproveitar desse episódio para gerar ingovernabilidade", afirmou. "O problema é que o governo do nosso partido foi atingido por suspeita de corrupção, e queremos apurar".
No pedido, os advogados Rodolfo Machado Moura e Gustavo Kanffer sugerem que o presidente responda em juízo a quatro perguntas: Se realmente tomou conhecimento de "processo de corrupção grande" e, mesmo assim, não ordenou a sua devida apuração; em caso afirmativo, que esclareça qual o "alto companheiro" que supostamente, ao "prestar contas de como tinha encontrado a instituição em que ele estava trabalhando", haveria afirmado a existência de eventual "processo de corrupção"; – ainda em caso de a resposta ser positiva, informe o presidente onde se deram os fatos (onde foi e se tratou de conversa formal ou informal) e, finalmente, qual o propósito da utilização, pelo presidente, do termo "achincalhar" o governo de FHC.
Lula disse que poderia ter usado as informações para achincalhar o governo anterior, mas preferiu não pôr em dúvida as instituições importantes para o desenvolvimento do País em que a sociedade brasileira acredita.