Após a confusão provocada ontem na sessão conjunta das CPIs dos Correios e do Mensalão, quando o vice-presidente da CPI do Mensalão, deputado Paulo Pimenta (PT-RS) declarou, e depois voltou atrás, ter recebido uma lista dos advogados do em presário Marcos Valério Fernandes de Souza, na qual supostamente constaria uma outra relação de políticos do PSDB que teriam recebido recursos do empresário e que ainda não havia sido divulgada, os tucanos decidiram hoje pedir a destituição de Pimenta do cargo da direção da CPI.
A informação foi dada há pouco pela deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP), que informou que o pedido será decidido na reunião administrativa que a CPI do Mensalão fará nesta manhã com portas fechadas. "Sugerimos que Pimenta saia do cargo por livre e espontânea vontade. Fica constrangedor ele permanecer na vice-presidência após ter tomado uma atitude antiética e que vai contra os anseios de imparcialidade de um membro de Mesa Diretora de CPI", disse a deputada à Agência Estado.
Ontem, parlamentares do PSDB acusaram o deputado gaúcho de ter pego carona com Valério na madrugada de quarta-feira, quando ambos deixaram o Congresso Nacional, após o encerramento do depoimento de Valério à CPI dos Mensalão. O líder do PSDB na Câmara, d eputado Alberto Goldman (SP), solicitou à segurança do Senado que envie cópias das fitas de vídeos gravadas com as imagens da garagem da Casa, onde Pimenta, Valério e os advogados do empresário saíram na quarta-feira pela madrugada.
Além disso, o PSDB já ingressou com representação contra o parlamentar no Conselho de Ética e Decoro da Câmara dos Deputados, alegando que, ao mentir, Pimenta quebrou o decoro. Se condenado, o deputado petista poderá ter como pena máxima seu mandato cass ado. "Podemos até fazer um acordo em que, se Pimenta renunciar, estudaremos a retirada da representação", admitiu Zulaiê.
Ela disse que a situação do deputado do PT, dentro da CPI do Mensalão, poderá ser agravada, caso se confirme que Pimenta agiu ontem, no episódio de declarar possuir a nova lista, em articulação com o deputado José Dirceu (PT-SP). "Dizem que ele (Pimenta) é homem de confiança de José Dirceu. Se isso é fato, não pode ficar aqui na CPI, porque Dirceu é um dos envolvidos e o lugar dele (Pimenta) é estar ao lado de seu companheiro e não aqui", informou Zulaiê.