O encontro da cúpula do PSDB em Belo Horizonte, que foi até o final do dia de
ontem, teve como principal destaque o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ele saiu da reunião rebatendo as acusações de que o partido é o principal
responsável por agravar a crise deflagrada por denúncia de corrupção nos
Correios. "Nós não queremos transformar uma CPI que está sendo instalada lá (no
Congresso) em uma CPI geral do País", afirmou. Para ele, a sensação é de que o
"o governo está desconjuntado e sem comando".
De acordo com o
ex-presidente, o PSDB não pode ser responsabilizado pela dificuldade que o
Governo tem em articular a própria maioria que detém no Congresso. "Não peçam a
nós para resolver este problema. Não somos nós que atrapalhamos a maioria. Ela
está se atrapalhando sozinha". Fernando Henrique aproveitou para criticar o
presidente nacional do PT, José Genoino, que o classificou de arrogante. "Cada
vez que eu falo, ele tem que jogar uma pedrada. Deixe que ele jogue a pedrada,
vai voltar para a cabeça dele".
Pouco antes de entrar na reunião o
presidente nacional do PSDB, o senador Eduardo Azeredo afirmou que não é
intenção do partido "criar um clima de guerra", mas segundo ele, cada ataque
será respondido da mesma maneira.
O anfitrião da reunião, o governador
Aécio Neves preferiu o tom apaziguador, reafirmando que "seria um equívoco para
o País antecipar o debate eleitoral", e foi enfático em seguida: "não existe
gesto mais concreto e consistente de quem não quer antecipar o debate do que o
de não estar apressado para definir uma candidatura a presidência".
A
reunião de ontem à noite terminou por volta das 23h, quando os 14 representantes
da cúpula do PSDB desceram a pé o caminho que separa a residência do governador
até a entrada do Palácio das Mangabeiras, para falar com os jornalistas. Aécio
informou que o objetivo da reunião foi discutir questões internas do PSDB em
alguns Estados. Hoje ele irá almoçar com o governador da Paraíba, Cassio Cunha
Lima, que poderá deixar o partido.
Estavam presentes no jantar na casa do
governador Aécio Neves: o presidente do PSDB e senador, Eduardo Azeredo
(PSDB-MG); o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; os governadores Geraldo
Alckmin (PSDB-SP), Marconi Perilo (PSDB-Goiás), Simon Jatene (PSDB-Pará); o
prefeito de São Paulo, José Serra; os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e
Sergio Guerra (PSDB-PE); o líder do PSDB na Câmara Alberto Goldman (PSDB-SP); o
secretário geral do PSDB Ismar Maia (PSDB-CE); o presidente do Instituto
Teotônio Vilela, Sebastião Madeira; o secretário de Governo de São Paulo,
Arnaldo Madeira; e o ex-deputado Pimenta da Veiga (PSDB-MG).