Brasília (AE) – O PSDB e o PFL devem apresentar à Justiça Eleitoral ou ao Ministério Público uma representação contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por prática de crime eleitoral. A representação será baseada na acareação promovida na semana passada pela CPI do Mensalão, em que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, admitiram o uso de caixa 2 na campanha de Lula. Ambos afirmaram que os recursos extraídos das contas do empresário Marcos Valério foram utilizados para o pagamento das despesas do segundo turno da eleição presidencial.

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Em reunião ontem à noite em Brasília os principais líderes do PSDB e do PFL pediram aos setores jurídicos de seus partidos que analisem se a representação deve ser encaminhada ao Ministério Público ou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Quanto ao pedido de impeachment de Lula, a oposição decidiu esperar mais e aguardar o resultado dos depoimentos na CPI dos Bingos de pessoas citadas na denúncia do envio de US$ 3 milhões de Cuba para a campanha de Lula, publicada pela revista Veja.

Mesmo decidindo esperar argumentos mais fortes para sustentar um eventual pedido de impeachment, o PSDB e o PFL resolveram continuar no ataque. Com a viagem do presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Moraes (PFL-PB) a Nova York, para participar de missão oficial nas Nações Unidas com despesas pagas pelo Senado, a oposição limitou-se a apresentar

requerimentos, já que não haverá reunião nesta semana. A ausência de Efraim causou irritação até mesmo entre seus próprios aliados. O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) sugeriu, inclusive, que o Senado adote a mesma postura do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que cancelou todas as viagens de deputados para a ONU. "Em momento de crise os políticos não podem deixar o País", disse ACM, numa crítica indireta também ao líder do PFL, José Agripino (RN), que está em viagem particular a Nova York.

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Na reunião de ontem à noite, a oposição analisou que os petistas, sob orientação do presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), estariam adotando uma posição mais agressiva e beligerante, a mesma assumida pelo próprio Lula. A linha do confronto estaria sendo liderada pelos sindicalistas que, além de Berzoini, inclui também o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.

Segundo senadores do PFL, na outra ponta, atuando com mais prudência, estariam os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e de Relações Institucionais, Jaques Wagner, que têm mais visão política. O enfrentamento não seria vantajoso para Palocci, que pode ser convocado pela CPI dos Bingos se o clima recrudescer. Para os senadores, Berzoini parece "siri na lata", uma expressão usada pelos nordestinos traduzindo a imagem de desespero do crustáceo que, quando posto dentro de uma lata, fica batendo e fazendo barulho. Os líderes do PSDB e do PFL avaliam que essa estratégia de Berzoini seria útil, pois dá motivos para reação. " É muito mais difícil para qualquer governo bater na oposição", avaliam os oposicionistas.

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