O presidente nacional do PSDB, deputado José Aníbal (SP), disse que o partido desistiu da idéia de formar um bloco parlamentar de oposição com PFL, PMDB e PPB para ocupar espaços de poder na Câmara.  “Discutimos o assunto ao longo das últimas semanas e chegamos à conclusão de que esse movimento ainda não está maduro”, explicou. 

Aníbal insistiu que a idéia do bloco não tinha o objetivo de disputar os cargos de presidente e demais postos de direção da Casa e sim compor um bloco oposicionista convergente capaz de qualificar a fiscalização do governo e disputar espaços de poder nas comissões técnicas da Câmara.

O bloco se inviabilizou, segundo Aníbal, diante das diferentes decisões dos ex-aliados do PSDB no governo passado. O PPB, por exemplo, considerou melhor se manter independente diante da pretensão de parte de sua bancada de aderir ao governo Lula. O PFL tem inclinação para formação do bloco, mas também acha que a idéia não está madura neste momento, e o PMDB discute um acordo separado com o PT para as presidências do Senado e da Câmara e só admitiria a formação do bloco como resposta ao eventual fracasso das negociações com o PT.

O presidente tucano disse que o PSDB está no campo da oposição, mas que isso não significa que fará obstrução ou criará dificuldades para o governo Lula. “Nós vamos fazer uma fiscalização qualificada e bem municiada por nossas assessorias.” Na reunião de hoje da Executiva Nacional do PSDB, Aníbal propôs descartar a proposta de formação do bloco “para retomá-la mais adiante”. Agora, os caminhos estão todos abertos para a eleição do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) para a presidência da Câmara, e os partidos estão liberados para discutir a divisão proporcional de cargos, tanto na Mesa Diretora quanto nas comissões técnicas.

A inexistência de um bloco parlamentar com potencial para vencer a disputa com João Paulo era uma condição apresentada pelo PT para manter de pé o acordo segundo qual caberá ao PMDB, por ter a maior bancada, indicar o novo presidente do Senado. O movimento feito pelo PSDB facilitará os entendimentos em curso com os dirigentes peemedebistas para tentar vencer com o senador Renan Calheiros a corrida com o senador José Sarney pela indicação da bancada.

O dirigente do PSDB sugeriu que o governo encaminhe simultaneamente, à Câmara dos Deputados e ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, a sua proposta para reforma da Previdência. Segundo ele, é possível que isso ocorra já na abertura dos trabalhos parlamentares, em 15 de fevereiro, conforme informações que saem dos bastidores do PT. “É bom que isso aconteça agora, porque essa é uma reforma que está bem debatida na sociedade”, observou ele, lembrando também que, pela complexidade do tema, é natural a expectativa de uma tramitação mais demorada.  Segundo Aníbal, quanto mais o governo se antecipar, maiores serão as possibilidades de aprovação da matéria este ano.

Aníbal advertiu, porém, que o governo precisa definir a sua agenda e não pode excluir dela a reforma tributária sob o argumento de que primeiramente prefere resolver a questão previdenciária. “As duas propostas podem tramitar ao mesmo tempo”, afirmou.

“Existem especialistas no Congresso para tratar desses assuntos. O fato de existirem duas ou três propostas tramitando não é nenhum problema. O Congresso tem energia para tratar de vários temas e, se houver vontade política, decisão e liderança firme, dá para votar tudo este ano.”

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