O comitê do candidato do PSDB à prefeitura de Curitiba, Beto Richa, denunciou hoje a existência de um microfone instalado no teto de uma sala onde eram realizadas as reuniões para decidir os rumos da campanha. Eles também acusaram a Polícia Militar de ter invadido o comitê na madrugada de quinta-feira com o intuito de retirar o equipamento, que estaria interferindo nas comunicações policiais na área. Peritos da Polícia Federal estiveram hoje no comitê para um levantamento.
De acordo com o coordenador-geral da campanha, Fernando Ghignone, a desconfiança vinha de umas três semanas. “Havia curiosas coincidências de ações, algumas estratégias de marketing sendo copiadas e outras neutralizadas pelos adversários”, disse. Na terça-feira, eles decidiram pedir a ajuda de um profissional para um rastreamento. Foi, então, detectado o equipamento escondido no forro da casa e um microfone no orifício por onde se prende a luminária ao teto.
Segundo o perito, que pediu para não ser identificado, trata-se de um transmissor na freqüência VHF. “A transmissão atinge um raio de pelo menos 200 metros”, disse. Com essa informação, na quarta-feira foi feito um pedido à Polícia Federal para apurar o caso.
A PF comunicou o fato à Justiça Eleitoral. O presidente do TRE respondeu que, se os policiais vissem na denúncia alguma verossimilhança, deviam “tomar as providências necessárias incertas na esfera de sua competência”.
O advogado do comitê tucano, Juraci Barbosa Sobrinho, afirmou que, por volta de 1h30 da madrugada de quinta-feira, quatro policiais fardados, dois à paisana (do serviço reservado) e outras duas pessoas também à paisana, que se diziam técnicos, foram até o local. “Eles pularam o muro e intimidaram os dois seguranças”, disse. No boletim de ocorrência do caso, os policiais afirmam que um rastreamento tinham indicado aquele endereço como tendo um equipamento que estava interferindo nas comunicações do 12º Batalhão da PM.
Contrariamente à acusação do comitê, eles dizem que os seguranças “imediatamente abriram as instalações”. Os policiais relatam ter constatado a existência do equipamento. Segundo o coordenador-geral da campanha do PSDB, ele foi acordado pelos seguranças na madrugada e foi até lá pedindo para que os policiais não mexessem em nada, pois aguardava que fosse feita a perícia pela PF. “A PM entrou sem autorização e fez os seguranças assinarem a autorização depois que já estava aqui dentro”, acusou.
Hoje o comitê fez uma representação à Promotoria de Investigações Criminais contra a atuação dos policiais. “O ato ilegal deles compromete a perícia da Polícia Federal”, lamentou o advogado. A PM informou ter instaurado sindicância. O juiz da 1ª Zona Eleitoral de Curitiba, D´Artagnan Serpa Sá, acatou hoje pedido do PSDB e pediu à PF que fizesse uma averiguação num prazo de três dias. Os peritos estiveram no comitê à tarde. “Vindo um pedido oficial, nós atendemos prontamente”, disse o responsável pela Comunicação Social da PF, Altair Menosso da Costa.
Ghignone não quis identificar quem ele considera responsável pelo possível grampo, mas falou em “adversários” do candidato tucano. “Nossos adversários são poderosos e têm todo aparato de inteligência”, afirmou. O advogado do PFL, que tem Osmar Bertoldi como candidato, disse que o partido “nunca cometeria uma ilegalidade”. Ele se solidarizou com o PSDB e afirmou compartilhar da revolta. “Quem fez isso tem que ser punido exemplarmente”, acentuou. “Não é por aí que se ganha uma eleição.”
Já o assessor de imprensa do candidato do PT, Ângelo Vanhoni, com quem Richa vem dividindo o primeiro lugar nas pesquisas de opinião, Gilmar Piolla, disse acreditar que o PSDB está apenas tentando “se colocar na mídia, criar um fato”. “Desconfio que seja um auto-grampo”, afirmou. Segundo ele, as pesquisas internas do partido estão mostrando uma queda de Richa. “Aí tem que criar algo para chamar a atenção. Tem um pouco de factóide nisso”, acentuou.

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