Florianópolis, 31 (AE) – A vitória de Dário Berger na disputa pela prefeitura de Florianópolis deu ao PSDB catarinense um presente em que só faltava colocar a mão. Favorito desde que anunciou sua candidatura, ele foi o grande vitorioso no primeiro turno, com 78.571 votos (35,6%), e derrotou seu adversário Francisco de Assis Filho (PP) no segundo turno com uma folgada margem de votos: 118.644 contra 84.278 – uma diferença de mais de 20%. Os votos nulos somaram 9,27%.

Berger, de 48 anos, empresário, foi vereador no vizinho município de São José, onde elegeu-se prefeito em 1996, sendo reeleito em 2000. Em março deste ano, deixou o PFL, a prefeitura de São José e transferiu seu domicílio eleitoral para Florianópolis. Desde que anunciou a intenção de administrar a capital, sempre esteve à frente de seus adversários em todas as pesquisas. O principal deles era Francisco de Assis Filho, ex-secretário de Obras da prefeita Ângela Amin.

Em Florianópolis, a apuração foi concentrada no ginásio do Sesc, onde Berger entrou pouco depois das 19 horas de hoje para ser ovacionado por uma ruidosa multidão de correligionários que ocupavam parcialmente as arquibancadas. Acompanhado pelo senador Leonel Pavan, repetiu suas promessas de campanha e anunciou que vai descansar durante alguns dias.

Quando voltar, terá uma tarefa difícil: “Vou conversar com todos os vereadores eleitos para conseguir uma maioria que garanta a governabilidade”, disse Berger, cujo partido elegeu apenas três dos 16 vereadores.

De acordo com o presidente do PSDB de Santa Catarina, Dalirio Beber, a prefeitura de Florianópolis é um verdadeiro troféu para seu partido, que já havia vencido no primeiro turno em importantes cidades, como Joinville e Balneário Camboriú. Das 13 prefeituras que conquistou em 2000, vai entrar em 2005 com 26. Esse avanço faz parte da “construção de um projeto nacional”. Beber ressaltou que a vitória de Berger é principalmente “mérito dele” e só em 2006 será possível avaliar se realmente foi o início de “um novo panorama político em Santa Catarina”. Isso significa desalojar a chamada oligarquia que vem dominando a política catarinense há décadas, personificadas no senador Jorge Bornhausen (PFL) e no ex-governador Esperidião Amin (PP).

Quem também estava muito satisfeito era o presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, desembargador Carlos Prudêncio. “Os catarinenses deram mais uma vez demonstração de civilidade”, afirmou ele, referindo-se a uma eleição absolutamente tranqüila mesmo com bebidas alcoólicas liberadas. Segundo ele, a experiência de ontem deve ser suficiente para se abolir de vez a lei seca eleitoral.

Outra razão para a alegria do presidente do TRE foi o teste realizado com absoluto sucesso no novo sistema de votação que vem sendo desenvolvido em Santa Catarina, responsável pela criação e implantação do voto eletrônico no País. O projeto prevê a substituição do título de eleitor por um cartão magnético com chip (smart card), onde estarão gravados os dados, foto e impressão digital do eleitor. Esse sistema permitirá a instalação de urnas eletrônicas em locais de grande movimentação possibilitando o voto a partir de qualquer cidade (ou mesmo embaixadas e consulados), abolindo a justificativa eleitoral. Com isso, poderá haver uma redução de até 75% do pessoal utilizado nas eleições. A expectativa é de que já em 2006 o sistema comece a ser implantado.
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