O Provopar Ação Social, com o apoio da Defesa Civil estadual, acaba de distribuir cerca de 20 toneladas de alimentos ? 750 cestas básicas ? para os índios de 12 aldeias situadas nos municípios de Tamarana, Ortigueira, Mangueirinha, Espigão Alto do Iguaçu e Nova Laranjeiras. Os alimentos foram obtidos mediante convênio firmado em agosto do ano passado com a Rede Sonae (Big e Mercadorama), para o fornecimento mensal de 50 toneladas de alimentos, que são repassados aos índios e aos municípios com baixo IDH ? Índice de Desenvolvimento Humano.
O cabo Gilson Marcos, da Defesa Civil, e o artista plástico Luiz Lopes, do Provopar, informaram que nessa primeira etapa de entrega de alimentos foram atendidas as aldeias do Apucaraninha, Queimados, Mococa, Água Santa, Campo do Dia, Encruzilhada, Lebre, Pinhal, Sede de Nova Laranjeiras, Taquara, Trevo e Vila Nova.
Lucia Arruda, presidente do Provopar, revelou que a troca de cestas básicas por peças de artesanato indígena faz parte do programa ?Artesanato que Alimenta?, que tem procurado atender o maior número possível de famílias. Ela lembra que o Paraná conta atualmente com 13 mil índios das etnias Guarani, Kaingang e Xetá, esta última em adiantado estado de extinção, pois existem apenas oito remanescentes puros dispersos em todo Estado. A maior parte da população indígena sofre com a falta de alimentos, a subnutrição, a precariedade e a inexistência de alternativas econômicas.
?Hoje, depois de um ano e meio do início do programa, o quadro é outro. Enquanto que, em outros estados brasileiros crianças indígenas sofrem e até morrem de desnutrição, no Paraná, nossas crianças estão saudáveis?, disse Lucia Arruda, acrescentando que o programa trouxe outros benefícios, sendo o principal deles a permanência dos índios nas aldeias.
Antes do programa ?Artesanato que Alimenta?, os índios procuravam vender as peças de artesanato nas cidades e, na maioria das vezes, gastava todo dinheiro arrecadado com bebida alcoólica e se envolvia em confusão. Alguns perderam a vida. Outros usavam as crianças índias para vender as cestarias de casa em casa ou mesmo a beira de rodovias, tirando-as do convívio familiar e expondo suas vidas a perigos constantes.
Kit escolar
A adesão dos índios foi tanta que a presidente do Provopar decidiu criar um kit escolar indígena para dar vazão às peças de artesanato, que são arrecadados todos os meses pela instituição. O kit composto por cestarias, bichos esculpidos em madeira, arco e flecha, além de um CD com músicas kaingangs, fotos, mapas e histórico das aldeias paranaenses, será entregue aos museus e escolas públicas estaduais e municipais como forma de preservar a cultura indígena.
