É a confissão do fracasso dos últimos governos que abandonaram de modo inconseqüente as rodovias federais construídas com o dinheiro dos impostos, mas deixadas ao léu, mesmo considerando as episódicas operações tapa-buracos lançadas para reparar defeitos causados por inundações, quedas de pontes, afundamentos do leito carroçável ou deslizamentos de encostas interrompendo o tráfego.
Ainda assim, será preciso bradar em alto e bom som contra a leniência costumeira do governo federal, sempre que foi preciso recuperar trechos avariados da malha rodoviária sob sua responsabilidade, como foi o caso da ponte sobre a represa Capivari-Cachoeira na Régis Bittencourt (sentido São Paulo), que demandou mais de doze meses para a reconstrução da cabeceira norte que havia desmoronado pelo excesso de chuvas.
Estamos nos referindo à assinatura dos contratos de concessão à iniciativa privada de sete dos oito trechos rodoviários recentemente leiloados pelo governo, não por acaso os mais importantes para a circulação de bens e riquezas produzidos nas regiões desenvolvidas do País.
Mesmo com o início do pagamento das tarifas de pedágio a partir de meados do ano, a providência será altamente benéfica para a segurança dos motoristas e seus veículos, à vista do estado caótico em que se encontra quase todo o trajeto concedido aos grupos OHL e BRVias. Entre essas rodovias encontra-se a ligação Curitiba-São Paulo pela BR-116, pela qual trafegam milhares de veículos diuturnamente enfrentando riscos de toda sorte, em face da irresponsável falta de compromisso administrativo por parte do governo.
A rigor, trata-se de uma anomalia recorrer à iniciativa privada dando a ela a permissão para cobrar pedágio, com a finalidade de manter as rodovias em excelente estado de conservação, tendo em vista que para cumprir suas obrigações elementares o governo impõe pesado ônus tributário à sociedade, sob o argumento falacioso de que o dinheiro é necessário para esse e outros fins. Está provado, porém, que nenhum dos últimos governantes demonstrou a menor competência no quesito.
As empresas têm seis meses para recuperar parcialmente as estradas e cinco anos para dotá-las das melhorias exigidas pelos contratos, tais como a duplicação da Serra do Cafezal na Régis Bittencourt, melhoria total da pavimentação, sinalização vertical, iluminação e segurança, além de contornos, trevos, passarelas e postos móveis de pesagem. Somente depois da execução das obras estimadas pela ANTT em R$ 706,3 milhões, o pedágio será cobrado.