ProUni e protestos

Numa análise superficial, mas nem por isso pouco significativa, dificilmente se consegue contar projetos deste governo que correspondam ao número de dedos de uma mão. Mas, com certeza, o governo Lula tem em andamento mais de cinco projetos. Um deles elegeríamos como engenhoso, útil e de verdadeira inclusão social. É o ProUni – Programa Universidade para Todos – que permite a estudantes carentes, com bolsas integrais ou parciais, ocupar vagas em faculdades particulares. Preenchem-se espaços ociosos nas escolas privadas e abre-se uma extraordinária senda para inclusão social de jovens que a pobreza e a escassez de vagas impedem ingressar nas escolas superiores públicas gratuitas. Diga-se de passagem que tais faculdades são as preferidas da maioria dos estudantes e nelas a maior parte das vagas é ocupada por jovens que não pertencem a famílias carentes. O povo paga o ensino para quem tem meios para custeá-los.

O ProUni foi engendrado quando era ministro de Educação o senador Cristovam Buarque. Aquele que recebeu um puxão de orelhas público de Lula por reclamar verbas para a educação e, meses depois, deixou o ministério. Com a crise política e ética no governo federal, deixou também o PT. Seu sucessor continuou e ampliou o programa. No corrente ano, o ProUni vai beneficiar 130 mil estudantes, 91 mil no primeiro semestre e os demais no segundo. Houve um aumento de 18 mil vagas em relação ao ano passado, quando foram oferecidas 112 mil.

Das vagas disponíveis no primeiro semestre, cerca de 63 mil são de bolsas integrais. As bolsas parciais são de 50% do valor das mensalidades dos cursos superiores. No segundo semestre, aproximadamente 40 mil vagas estarão disponíveis.

Em 2006 houve um aumento da ordem de 134% nas inscrições, em relação ao ano passado. Procuraram concorrer ao benefício, em 2006, 797.840 estudantes. No ano passado, foram 340 mil. Os números comprovam o sucesso do plano que se destaca como um dos mais, se não o mais importante deste governo. No momento, está sendo feita uma segunda chamada, para que vagas ainda existentes possam ser preenchidas. O estudante carente passa por vestibulares, como o de famílias de classe média e alta. Portanto, não se trata de oferecer uma inclusão social forçada no setor de ensino. Apenas procura-se, de uma forma inteligente e engenhosa, superar o obstáculo da baixa renda para quem ambiciona ingressar num curso superior.

Mas a UNE está protestando contra o ProUni. A União Nacional dos Estudantes e outros críticos do governo Lula não o condenam como projeto, que dá aos jovens pobres oportunidade de cursar vagas disponíveis em faculdades particulares. Condenam a oferta de vagas em faculdades que foram consideradas, pelo próprio governo, como de má qualidade. Escolas que demonstraram que ministram ensino superior ruim e até mereceriam ser fechadas.

Atentemos para o fato de que o estudante pobre não pode escolher, pois não tem recursos para pagar uma boa escola e de sua livre escolha. Pior ainda, quem estará pagando esses cursos para estudantes carentes, em escolas desqualificadas, somos nós, o povo. A UNE faz uma proposta radical e simples: que o governo elimine da relação de faculdades do ProUni as que ele próprio reprovou.

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