E o ?socialismo do século XXI? fez sua estréia – algo canhestra – na Cúpula do Mercosul que esteve reunida no Rio de Janeiro, desde quinta-feira. Participaram os chefes de governo do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela, além de convidados de outros países, em especial, o presidente boliviano Evo Morales, interessado em fazer parte do bloco.

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A cena foi roubada mais uma vez (as tentativas foram várias e explícitas), pelo histriônico presidente venezuelano Hugo Chávez, que de jeito nenhum deixaria de aproveitar a ribalta, ao propor a ?descontaminação? do Mercosul do acentuado domínio do neoliberalismo.

O recado de Chávez, por certo, estava endereçado aos presidentes Néstor Kirchner (Argentina) e Tabaré Vásquez (Uruguai), com os quais não se acerta e que, fato da maior gravidade na sua visão pessoal, defendem a celebração de acordos comerciais em separado com os Estados Unidos, tidos como inaceitáveis pelos demais participantes do acordo. Indagado sobre o provável surgimento de complicadores de natureza política, tendo em vista o forte viés ideológico de sua postura, Chávez respondeu que o socialismo, ao contrário do que muitos pensam, contribuirá grandemente para a aproximação integradora dos países do Mercosul.

Quanto ao ingresso da Bolívia, ao qual a Argentina se opõe se o país andino não concordar com o regime da Tarifa Externa Comum (TEC), praticada pelos demais na exportação de produtos, o presidente Lula fez um discurso contemporizador, lembrando que cada país tem suas características e assimetrias, mas deve se esforçar para celebrar a igualdade conjunta mesmo com as diferenças.

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O presidente brasileiro enfatizou a necessidade do entendimento, lembrando que o risco, mais uma vez, seria voltar para casa com a frustração das oportunidades perdidas. A julgar pelo saldo das realizações efetivas do encontro de presidentes do Mercosul, não há motivos para alimentar outra certeza.

Ficou no ar o gesto retórico da assinatura, pelos presidentes Lula e Chávez, do protocolo de intenções para a construção do gasoduto Venezuela-Uruguai, cruzando toda a extensão do território brasileiro, da Amazônia ao Rio Grande do Sul. Quem viver, verá.

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