São Paulo, 26 (AE) – A adesão ao protesto de 72 horas dos caminhoneiros, iniciado hoje (26), atingiu diversos Estados, segundo a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), uma das diversas entidades que representam a categoria no País. A associação relatou focos de protesto em estradas e paralisação do transporte em diversas cidades, mas admitiu que a adesão foi desigual entre os Estados. Para o secretário de Política Nacional de Transportes, José Augusto Valente, no entanto, não foi detectada “nenhuma variação significativa” no tráfego de caminhões no País. Segundo o secretário, a paralisação não comprometeu o abastecimento e as atividades nos portos. O movimento não teve adesão de outras entidades representativas de caminhoneiros, que decidiram continuar negociando reivindicações do setor com o governo.
Em Santa Catarina, segundo a Abcam, houve paralisação em Concórdia e Lages. Em Minas Gerais, a maior adesão teria ocorrido em Betim, prejudicando a Fiat e a indústria local. Em Goiás, de acordo com a entidade, houve protesto na BR 153, próximo à Goiânia. No Mato Grosso, conforme a Abcam, houve protesto e paralisação do transporte em Tangará da Serra e Cuiabá.
A Abcam reúne entidades de dez Estados. A associação reivindica a utilização dos recursos da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) em obras nas estradas. A Cide incide sobre a comercialização e importação de combustíveis e foi criada por emenda constitucional em dezembro de 2001 para substituir a Parcela de Preço Específico ( PPE) cobrada na gasolina. A contribuição já arrecadou cerca de R$ 18 bilhões. Segundo os transportadores, os recursos deveriam ser vinculados a investimentos em infra-estrutura, o que não está ocorrendo.
Para Valente, grande parte das reivindicações dos caminhoneiros interessa também ao governo. Ele lembrou que no dia 23 de junho foi formada a Frente Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas, integrada por representantes do governo, das empresas e dos caminhoneiros, incumbida de atuar como câmara de negociação entre as partes. Valente disse que o governo vai recuperar, até abril de 2005, 7.000 quilômetros de rodovias.
No Rio Grande do Sul , não houve rodovias obstruídas. Desta vez, a Abcam recomendou que os piquetes se limitassem a distribuir panfletos e a sugerir a paralisação. “Preferimos pedir que os motoristas ficassem em casa ou estacionados nos postos”, disse o dirigente da associação no Rio Grande do Sul, Nestor Benck Sebastião. Em Torres, na principal passagem do Rio Grande do Sul para Santa Catarina, o policial rodoviário federal Fábio Zortéa chegou a contar a passagem de dois caminhões por minuto. “É muito menos do que o normal”, comentou.
O Porto de Rio Grande manteve suas atividades normalmente graças ao grande estoque dos seus armazéns. Mas a superintendência constatou que a chegada de caminhões para o desembarque de grãos caiu 75%, da média diária de 200 caminhões, para cerca de 50 caminhões hoje.
O incidente mais grave do dia ocorreu em Pelotas, onde um caminhoneiro parou num local onde os colegas faziam uma manifestação e teve seu veículo atingido por uma pedrada quando decidiu seguir em direção a Rio Grande. Na região de Torres centenas de caminhões ficaram parados durante o dia e seguiram viagem no final da tarde. Em Uruguaiana, na fronteira com a Argentina, os motoristas distribuíram panfletos nos cruzamentos das BR-472 e da BR-290.
No Porto de Santos (SP), alguns caminhoneiros entrevistados afirmaram que nem sequer sabiam do “paradão nacional”, como os sindicalistas vêm chamando o protesto. Por toda a cidade, o movimento de caminhões parecia normal. Não foram registradas grandes manifestações ou congestionamentos. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou, no final da tarde, que não foram registrados congestionamentos ou morosidade do tráfego durante todo o dia, mesmo nas áreas contíguas ao cais.
No Paraná, os caminhoneiros tiveram um dia normal. De acordo com as polícias rodoviárias estadual e federal, não houve alteração no tráfego pelas estradas paranaenses.
Protesto de caminhoneiros tem baixa adesão no País
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