Proteção e economia

Os melhores momentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva são no exterior. Não deve ser por isso que ele viaja tanto, mas ajuda a entender o respeito que as nações têm pelo Brasil. Discursos como o feito ontem, em Roma, reforçam a posição de um país independente, interessado no desenvolvimento mundial, sem esquecer dos problemas locais. Se isto realmente acontece, é outra história.

Dentro da cúpula da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Lula atacou novamente o protecionismo dos Estados Unidos e da União Européia. Reclamou, com razão, que os subsídios agrícolas prejudicam os países pobres e em desenvolvimento, que ficam paralisados diante do poder econômico das grandes nações e não conseguem exportar sua produção para arrecadar divisas.

Quando fala das diferenças entre o Brasil e os países ricos, o presidente Lula brilha. Ainda mais ?jogando fora de casa?. Em Roma, ele é a grande estrela da cúpula, somando aos anseios brasileiros todas as reclamações da América Latina, do Caribe e da África, que também sofrem com o protecionismo do G8 (o grupo dos oito países mais ricos do planeta).

Quando fala, portanto, Lula não está sozinho, e isto incomoda os mais poderosos. Por isso, o presidente legitima sua liderança mundial, importante no jogo de bastidores do comércio que, no final das contas, é tão fundamental para os países quanto a questão da alimentação.

Da mesma forma com os biocombustíveis. O Brasil é líder na produção de etanol de cana-de-açúcar e detém a tecnologia mais avançada. Com a crise do petróleo e a luta por um planeta mais ?limpo?, somos vanguarda inaceitável para norte-americanos e europeus. Na cúpula de Roma, Lula novamente luta pelo distanciamento entre etanol e a escassez de comida no mundo.

Esta briga é tão complicada quanto a outra. Mas é decisiva para a inserção do Brasil em um mundo competitivo de comércio, tecnologia e modernidade. E, para isso, é preciso não só brilhar nos discursos, mas também nas políticas de desenvolvimento e economia.

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