Propaganda de Lula é

A cinco dias das eleições, cresceu entre os políticos do PSDB e do PFL a convicção de que o programa na TV do candidato tucano ao Planalto, Geraldo Alckmin, não emplacou nem produziu impacto no eleitor. Além de considerar "muito melhor" a propaganda eleitoral do presidente e candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), criticou hoje a equipe de marketing de Alckmin, comandada pelo jornalista Luiz Gonzalez. "Está faltando emoção, indignação e criatividade", afirmou Dias, reeleito para o Senado.

Dias contou que as sucessivas reuniões do comando político com Gonzalez não surtiram efeito, pois o marqueteiro continuou sem aceitar as sugestões dos políticos. A todos os apelos, Gonzalez insistia na tese de que "conceito se ganha com sedimentação" – ou seja, não era aconselhável bater no adversário, mas repetir à exaustão o perfil do candidato e suas realizações à frente do governo paulista.

O senador se queixou de algo que vem sendo objeto de pesados ataques dos tucanos e pefelistas de forma reservada. Segundo integrantes do comando político, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e o coordenador da campanha, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), encerram a campanha contrariados com o comportamento de Gonzalez. Se não bastassem os problemas para conciliar a agenda com o candidato, os políticos enfrentaram dificuldades com a equipe de comunicação, se limitando a assistir à distância ao tom muito "paulista" na TV.

Campanha local

Segundo Álvaro Dias, Alckmin ainda age como se disputasse o governo de São Paulo e não a Presidência. Nos debates, a estratégia se repetiu e o tucano insistiu em realçar suas ações administrativas no Estado. Um senador do PFL, que não quis se identificar, lembrou que, além de ter ficado centrado em São Paulo, o grupo de Gonzalez teria dado mais prioridade à campanha de José Serra para o governo estadual, já que assumiu as duas campanhas.

"No segundo turno, o programa de TV precisa se renovar a cada dia. A emoção é fundamental", cobrou Dias. Ele citou que ninguém no Brasil sabe o que é Fatec, uma sigla usada em São Paulo para identificar as escolas técnicas. "Mas ninguém muda opinião de marqueteiro. Se perdermos as eleições, a culpa não será do candidato, que é preparado, paciente e inteligente. O motivo principal foi a falta de comunicação competente e de estratégia.

Na última reunião com os responsáveis pelo setor de marketing, já no segundo turno, o senador sugeriu que dez minutos do programa de TV fossem dedicados aos escândalos. A idéia não avançou, com o argumento de que poderia ter efeito contrário. "Seria um programa pesado, mas com uma linguagem popular e com a apresentação de documentos". Outros políticos, como deputados do PFL e do PSDB, também fizeram propostas, mas não foram atendidos.

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