Pronunciamento anima empresários e economistas

Um dia depois da confirmação da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, líderes empresariais e economistas demonstraram hoje otimismo em relação ao governo petista e, acima de tudo, disposição para colaborar no pacto da sociedade proposto pelo presidente eleito. O presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouvea Vieira, disse que a entidade está ?pronta para colaborar? e que está ?otimista?.

Vieira considerou um ?discurso de estadista? o pronunciamento de Lula no início da tarde de hoje. Sua avaliação é que o presidente eleito, no ?contexto nacional, tocou em tudo o que queremos: reforma tributária, da previdência, trabalhista e reforma agrária, tudo isso com equilíbrio fiscal e, ainda, combate ao narcotráfico?. Acrescentou que ?todos temos que colaborar?.

O presidente da Firjan disse que um virtual anúncio antecipado da equipe econômica poderá ser ?muito importante? para ?dar uma tranquilidade ainda maior? ao mercado e à sociedade. Mas acredita que a divulgação dos nomes da equipe de transição, marcada para amanhã, já mostrará o perfil das pessoas que poderão vir a desempenhar papéis importantes no novo governo.

Outro líder empresarial, o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), José Humberto Pires de Araújo, também disse que o segmento supermercadista está pronto para colaborar no ?pacto? proposto pelo presidente eleito. Ele disse também que será importante que o novo governo anuncie o mais breve possível sua equipe econômica, ?para tranqüilizar ainda mais o mercado e garantir uma transição calma?.

Mercado – Mas o discurso conciliador de Lula não será suficiente para aplacar a turbulência do mercado financeiro, segundo alerta o ex-presidente do Banco Central e economista do Ibmec Business School, Carlos Thadeu de Freitas. Para ele, pelo menos até o início do próximo ano a conjuntura permanecerá adversa, com pressão sobre o dólar e a inflação, além de juros elevados.

O economista acredita que o mercado já havia precificado a vitória de Lula ?há algumas semanas? e a partir de agora ?a conjuntura vai refletir os fundamentos da economia, que não estão bons, e a escassez do crédito externo?. Pelo menos até o início do próximo ano, segundo a expectativa de Thadeu de Freitas, haverá pressão sobre o dólar e a inflação e os juros continuarão elevados.

?Daqui para frente haverá influência dos vencimentos de títulos cambiais e a oferta de dólar continuará escassa, com o mercado de crédito fechado para o Brasil?, avalia. Para o economista, somente no próximo ano, com o início efetivo do novo governo, o crédito internacional poderá se abrir novamente para o País e, assim, poderá ocorrer queda na cotação do dólar e da taxa básica de juros.

Já o economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-RJ, avalia que o presidente eleito fez ?o discurso que o mercado queria ouvir?. No entanto, Cunha ressaltou que, apesar dos acertos, ?ainda é um discurso de promessas?. Para o economista, ao longo dos próximos dois meses ?as coisas vão ficar aos poucos mais claras?, em cenário no qual o mercado já percebeu, na sua avaliação, que ?não pode ficar apostando no caos?.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo