O número de contratos das linhas de crédito especial do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf Mulher, passou de 469 na safra de 2003/2004 para 2.489 na de 2004/2005, segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Para a técnica da área de crédito Letícia Mendonça, esse aumento se deve a uma maior participação das mulheres e ao aumento no número de bancos que fazem o atendimento. "Antes, só o Banco do Brasil operava. Mas desde a safra passada, o Banco da Amazônia e outros começaram a operar".
A técnica lembra que até a safra do ano passado, o Pronaf Mulher era apenas uma complementação familiar: "O programa foi criado como uma linha específica do Pronaf e era um recurso a mais para a família, até a safra passada. Depois, passou a ser uma linha específica para a mulher. Isso facilitou muito o acesso delas ao crédito e é uma das razões do aumento do numero de operações".
Antes de se tornar uma linha especial, o Pronaf atendia mulheres que tinham de R$ 2 mil a R$ 60 mil de renda anual bruta. Agora, mesmo aquelas que ganham menos de R$ 2 mil podem pegar o financiamento. Assim, assentados de reforma agrária ou beneficiários de crédito fundiário foram incluídos no crédito.
Com o crescimento do número de beneficiários, o valor investido também aumentou. Passou de pouco mais de R$ 2,540 milhões, em 2003/2004, para mais de R$ 21,585 milhões. Os beneficiário são divididos em grupos, segundo a renda, e o valor do empréstimo e dos juros cobrados varia de acordo com o grupo no qual a mulher está inserida. Os valores vão de R$ 1 mil a R$ 36 mil, com juros de 1% a 3% ao ano.
Moradora do povoado do Descoberto, no município baiano de Coribe, Jardilina Moreno destaca a importância da conquista: "Mais uma conquista para nós e como nunca saiu para nossa região um projeto para mulheres, foi uma bênção, uma graça. A gente trabalhava sem ter nada, era tudo só para os homens. Foi um primeiro passo".
Para pegar o financiamento, os interessados devem, primeiro, obter uma declaração de aptidão ao Pronaf em empresa de assistência técnica ou sindicatos. O segundo passo é a elaboração do projeto e, para isso, segundo a técnica Letícia Mendonça, é importante a assessoria de uma empresa, "para que você saiba direitinho quanto que vai produzir, o que vai produzir e se há mercado para esse tipo de atividade".
O terceiro passo são os documentos pessoais, CPF e Carteira de Identidade, essenciais para qualquer operação de crédito. "Tudo isso deve ser juntado e encaminhado ao banco que vai fazer a análise do projeto", explicou a técnica, acrescentando que a declaração de aptidão é a mesma para a família e tem dupla titulação, ou seja, tanto o marido como a esposa podem assinar o documento para obter crédito.
