Um promotor iraquiano pediu hoje a pena de morte para o primo do ex-presidente Saddam Hussein e de outros quatro oficiais do antigo regime, acusados de crimes contra a humanidade supostamente cometidos durante a repressão aos curdos na década de 1980. O promotor pediu que um sexto acusado, no entanto, seja libertado porque faltam provas para condená-lo.
Os acusados presentes ao chamado "julgamento de Anfal" incluem Ali Hassan al-Majid, também conhecido como "Ali Químico" por ter ordenado ataques com gases venenosos contra os curdos. Al-Majid, primo do ex-ditador Saddam e antigo chefe do escritório norte do Partido Baath, reconheceu no tribunal que deu as ordens para destruir vilarejos durante a campanha militar Anfal, ao dizer na corte que a região estava "cheia de agentes iranianos."
Se condenados, os réus podem ser sentenciados à morte pela forca. No seu discurso, o promotor Munqith al-Faroon pediu à corte que condene e dê a punição mais severa a al-Majid e a outros quatro acusados, porque "eles não tiveram piedade nem das pessoas idosas, mulheres e crianças – nem mesmo tiveram pena de animais e plantas ou do meio ambiente.
Ao mesmo tempo, ele disse que Taher Tawfiq al-Ani, antigo governador de Mossul e chefe do Comitê de Assuntos do Norte, deve ser libertado porque as provas contra ele são insuficientes. O promotor notou que os acusados não se desculparam pelos massacres. "Nós esperamos que eles peçam desculpas não apenas às suas vítimas mas também à comunidade internacional", ele disse. "O tributal notou que eles são orgulhosos desses crimes, que eles justificam a ainda defendem.
Ele disse que al-Majid "foi o principal executor das operações genocidas contra os curdos", mas comentou que os outros acusados também dividem responsabilidade por um "plano que foi implementado em estágios, para eliminar a raça curda do Norte do Iraque." A defesa leu uma carta do advogado de defesa Badie Arif Ezzat, que foi expulso do tribunal no mês passado, afirmando que Ezzat está ainda sob custódia na fortificada Zona Verde, em Bagdá, mas que nenhum interrogatório ocorreu.
O juiz Mohammed Oreibi al-Khalifa ordenou que os microfones fossem desligados neste ponto do julgamento, assim o que aconteceu em seguida não pôde ser monitorado pela mídia. O julgamento deverá ocorrer até 16 de abril, quando a defesa deverá fazer suas considerações finais. Os seis réus enfrentam acusações de crimes de guerra e crimes contra humanidade, por causa das decisões de liderança que tomaram na repressão militar aos curdos iraquianos, que ocorreu nos anos de 1987 e 1988. A promotoria afirma que 180.000 pessoas, a maioria civis, foram assassinadas.
Os outros acusados são o antigo diretor de inteligência militar, Sabir al-Douri; o antigo ministro da Defesa e chefe do 1º Corpo do Exército Iraquiano na campanha Anfal, Sultan Hashim Ahmad al-Tai; o antigo diretor de operações do Exército Iraquiano, Hussein Rashid Mohammed; e o antigo chefe de inteligência militar do escritório leste,Farhan Mutlaq Saleh.
O ex-ditador Saddam Hussein também foi acusado no processo Anfal. Saddam, no entanto, foi sentenciado à morte e enforcado no dia 30 de dezembro do ano passado, em outro processo, no qual foi considerado culpado pela morte de 148 muçulmanos xiitas em Dujail. Os xiitas, em 1982, foram executados depois de uma conspiração contra a vida do ex-ditador.