As comunidades quilombolas, formadas por descendentes de escravos negros fugitivos, muitas vezes vivendo isoladas, vão receber a visita de empresários, atletas, políticos e artistas, a partir do ano que vem. O objetivo do projeto é preservar a memória dessas comunidades e levar a cultura do restante da sociedade até elas.
O programa, coordenado pelo cantor e compositor Martinho da Vila, será lançado amanhã, em Brasília, pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Ele integra as ações do governo federal para colocar em prática a Política Nacional de Igualdade Racial.
Ainda não está definida a quantidade de quilombos que serão visitados no primeiro ano do projeto. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já mapeou 1.500 comunidades remanescentes de quilombos (quilombolas). De acordo com pesquisadores, esse número pode chegar a 3.000.
Cada personalidade escolhida para integrar o programa ficará dois dias em um quilombo. Nesse período, os convidados irão conhecer a comunidade, contar e ouvir histórias. Tudo será documentado em vídeo e irá para o acervo da Secretaria.
Os artistas também farão shows para os quilombolas e terão que escrever sobre a experiência. A Secretaria não revelou de quanto será o cachê oferecido nem o investimento total no programa.
O cantor Toni Garrido, vocalista do grupo de reggae Cidade Negra, o cantor de pagode Netinho, a compositora de samba Leci Brandão e a atriz Zezé Motta já foram convidados e aceitaram participar.
A cientista social Elisa Nascimento, diretora do Instituto de Pesquisas Afro-Brasileiros (Ipeafro), aplaudiu o projeto: "Acho muito válida(a idéia) no sentido de reconhecer e valorizar essas comunidades como parte da diversidade brasileira porque muitas dessas comunidades não têm acesso aos bens culturais da sociedade vigente", afirmou. "Foi muito bem concebido por ser uma troca, e não a preponderância de uma cultura sobre a outra", argumentou.