Brasília – A Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) e o Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes lançaram nesta quinta-feira (17) um projeto para estimular a participação dos próprios jovens nas ações de combate à violência sexual. O projeto, chamado Juventude-Ação ? Integrando Redes de Protagonismo Juvenil, escolheu jovens que já participam de mobilizações para serem capacitados para trabalhar com essa questão.
A idéia, segundo a diretora de programas da organização Partners of Americas, Graça Gadelha, uma das coodenadoras do projeto, é transformar esses jovens em multiplicadores de informação. ?A idéia básica do programa é estimular a formação de lideranças juvenis que possam contribuir de forma educativa, preventiva, no processo de sensibilização e conscientização de outros jovens para o enfrentamento dessa questão tão grave no Brasil?, afirmou.
O projeto prevê a realização de oficinas de capacitação para os jovens e a aplicação de questionário para saber o que a juventude pensa sobre o tema. A iniciativa está sendo desenvolvida inicialmente em sete estados: Pernambuco, Ceará, Minas Gerais, Amazonas, Paraná, Pará e Mato Grosso. A previsão é que, a partir do ano que vem, o projeto seja ampliado para todo o país.
A subsecretária de Direitos da Criança e do Adolescente da SEDH, Carmem de Oliveira, disse que, além de incentivar a participação juvenil, o projeto contribuirá para o enfrentamento do problema. ?Já vários projetos no país têm demonstrado que o jovem, às vezes, se sente mais confortável na conversa, na aproximação com outro jovem do que, às vezes, até com o operador do Direito, com um profissional da área da saúde que ele poderia acorrer numa situação de violência sexual?, explicou.
A secretária-executiva do comitê nacional, Neide Castanha, destacou que, como as principais vítimas são crianças e jovens de até 24 anos, é preciso garantir a participação deles nas ações de combate a esse problema para atingir bons resultados. ?Se não estimularmos nesses jovens uma nova cultura e se não trouxermos essa juventude para, no seu próprio modo de ser, fortalecer-se como agente vivo no combate, estaremos fazendo muito para alcançar poucos resultados?, defendeu.
Segundo Graça Gadelha, a maioria dos jovens desconhece as ações tanto para prevenir o problema quanto para denunciar casos de abuso. O projeto pretende qualificar as jovens lideranças para conhecer a rede local e encaminhar as vítimas.
A violência sexual compreende os casos de abuso sexual, em geral ocorridos dentro do ambiente familiar, a exploração e o tráfico de crianças e de adolescentes para fins comerciais. Por ser um problema pouco notificado, o país dispõe de poucos dados sobre o tema. O disque-denúncia que atende as vítimas recebe cerca de 1 mil ligações por dia.
?Só que esses mil telefonemas não traduzem necessariamente o que está sendo identificado como problema na medida em que somente tem acesso aquela pessoa mais mobilizada para tomar essa iniciativa?, ponderou Carmem de Oliveira.