A Cavo Serviços de Meio Ambiente, de Curitiba, iniciou nesta terça-feira (04) as aulas do Projeto Inclusão Digital Itinerante, do Sesi Paraná, para 45 trabalhadores. São três turmas formadas por catadores, varredores de rua, coletores de lixo e motoristas. Muitos dos trabalhadores participam também do programa Sesi Educação do Trabalhador, de escolarização de jovens e adultos. A maioria nunca havia sequer ligado um computador.
Parceria do Sesi Paraná com o Sesi Nacional e a Fundação de Estudos Sociais do Paraná (Fesp), o projeto Inclusão Digital Itinerante tem como diferencial a metodologia, que é inovadora. Desenvolvida pelo Sesi Paraná, a metodologia pretende não apenas ensinar informática, mas abrir novos caminhos para o exercício pleno da cidadania. O aluno tem acesso ao aprendizado básico de informática através de textos, indicadores, gráficos e sites relacionados a temas de cidadania e responsabilidade social.
As aulas de Windows, Word, Excel e Internet têm duração de quatro horas, durante dez dias, cinco vezes por semana, com a opção de três turnos ? manhã, tarde e noite. Além do acesso às tecnologias da informação e comunicação, o programa permite que os trabalhadores entrem em contato com textos, indicadores, gráficos e sites relacionados ao tema cidadania e responsabilidade social.
Outra inovação é que os cursos de 40 horas para dentro das empresas. Os laboratórios de informática são itinerantes e equipados com notebooks adaptados com mouse e teclado para facilitar o aprendizado. Os instrutores, contratados pela Fesp, receberam treinamento do Sesi Paraná, que fornece também todo o material didático utilizado em sala.
De acordo com a assistente social da CAVO, Carla Bonatti, o curso vai permitir que os alunos que já participam das aulas normais do ensino fundamental e médio possam praticar a teoria aprendida em sala nos computadores. ?É uma oportunidade a mais de assimilar melhor e, ainda, aprender informática básica o que para eles é uma novidade?, afirma. Segundo Carla, depois que do encerramento do curso, a empresa vai disponibilizar computadores para que os alunos continuem praticando o que aprenderam.
Sebastião Paula Rosas, 39 anos, que trabalha como varredor de rua, está ansioso para aprender computação. ?Hoje em dia tudo é computadorizado. Eu sofria nos bancos, pois não sabia como mexer nas máquinas. Agora vou aprender a usar computador e isso vai me ajudar até a pensar num futuro melhor no trabalho?, afirma. Ele trabalha há seis anos na Cavo e tem duas filhas de 10 anos. ?Elas gostaram muito de saber que vou aprender também a entrar na internet?, conta.
Para Vítor Emílio de Faria, 42 anos, que trabalha na Cavo como eletricista de veículos, o curso vai ajudar no dia-a-dia. ?A empresa é toda informatizada. Então aprender informática é uma necessidade para o meu trabalho. Se eu tiver o conhecimento para trabalhar no computador poderei eu mesmo resolver alguns problemas que surgem?, diz.
Claudemir Sugano da Silva já completou o ensino médio pelo Programa Educação do Trabalhador e agora pensa em fazer faculdade. Para ele, aprender informática é um incentivo a mais para seguir com os estudos. ?Quero ter um computador para poder ler as notícias na internet, escrever textos e aplicar tudo o que aprendi. Poderei estudar melhor?, afirma.
De acordo com Isabel Cristina Ribas, consultora em gestão social do Sesi e responsável pelo projeto, os cursos abrem o horizonte dos trabalhadores que, até então, não conheciam as possibilidades da informática. ?Eles ficam empolgados ao aprender o que podem fazer com um computador e isso instiga para que todos pensem em continuar?, diz.
700 pessoas
A Cavo é a terceira empresa a ser atendida pelo projeto. Lançado em junho, o Inclusão Digital Itinerante já foi levado aos trabalhadores da Mosaic Fertilizantes, onde os 30 alunos já receberam certificados, e da Cargill, para 45 alunos. Está em desenvolvimento, também, nos Correios de Curitiba.
O projeto é destinado aos trabalhadores e também a pessoas de comunidades próximas das empresas. Até o final deste ano, ainda em fase piloto, o projeto será aplicado em mais 12 empresas de Curitiba e Região Metropolitana. Cerca de 700 pessoas serão beneficiadas em 2006. Após esta etapa inicial, o projeto será desenvolvido por indústrias de outras regiões do Estado.