Rio  – Um possível acordo com o FMI não interfere em nada no projeto de desenvolvimento que estamos praticando no País. A afirmação foi feita ontem, no Rio de Janeiro, pelo ministro do Planejamento, Guido Mantega, em palestra no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Segundo o ministro, há dois anos, quando o Brasil estava com a corda no pescoço, era essencial saber o que o FMI pensava. “Mas, agora, nós adotamos um projeto totalmente independente do Fundo Monetário. As políticas monetárias e fiscais são de nossa autoria. É uma necessidade que nós achamos que deveríamos praticar no País”, afirmou.

Ele disse, também, que não há nenhum condicionamento do Fundo em relação ao futuro do País. “Se a renovação do acordo for efetuada, será para aumentar nossas reservas e as garantias que o País vai ter”. Destacou que um possível acordo não interfere nas diretrizes do governo Lula, como a retomada do planejamento, a implantação de um projeto de desenvolvimento de longo prazo e nas práticas de políticas industrial, agrícola, agrária e de comércio exterior.

O ministro informou que em breve será anunciada a política industrial, diretriz que deve fomentar a produção brasileira e dar condições de competitividade ao setor. Mantega analisou que a nova política industrial e uma nova política de comércio exterior são instrumentos importantes para reduzir a vulnerabilidade externa, questão que passa também pela reconstituição e ampliação da infra-estrutura do País, para diminuir os pontos de estrangulamento, como a prioridade para uma política de transporte que envolva estradas, trens e hidrovias.

Durante a palestra na UFRJ, o ministro fez críticas à política liberal que promoveu resultados “pífios” em vários países, causando crises no Brasil, Argentina, Colômbia, Venezuela e Equador. Ressaltou que o fracasso de uma década de pensamento liberal facilitou a vitória do governo Lula, mas afirmou que a análise não representava uma crítica ao governo Fernando Henrique Cardoso e, sim, a marcação de uma diferença de governo, já que o atual atribui ao estado um papel fundamental na promoção do crescimento e na redução da desigualdade.

Dentro do Plano Plurianual, o ministro disse que o papel dinamizador da economia conta com o apoio de vários programas, como o do primeiro emprego e o de incentivo à agricultura familiar. Esses e outros programas, segundo ele, têm o objetivo de estimular o consumo, criando um mercado de massa, e desonerando a cesta básica.

continua após a publicidade

continua após a publicidade