Uma nova briga para garantir recursos de isenções fiscais está sendo preparada na Câmara. Um projeto de lei, já aprovado pelo Senado e que está na Comissão de Tributação e Finanças da Câmara prevê a possibilidade de empresas doarem recursos para projetos ambientais e descontá-los do Imposto de Renda devido. A proposta é apoiada pelo Ministério do Meio Ambiente – que chegou a discutir uma lei igual com a equipe econômica – mas desagrada ao Ministério da Fazenda.

continua após a publicidade

O projeto, que está sendo chamado de imposto de renda ecológico, também deve provocar outra briga com a Cultura, como aconteceu recentemente no caso da lei que criava incentivos fiscais para o Esporte. Isso porque ele prevê usar para o Meio Ambiente parte dos recursos da Lei Rouanet que os projetos culturais não conseguem utilizar.

Para controlar a renúncia fiscal e não permitir que a arrecadação do Imposto de Renda das empresas caia muito, o governo estabeleceu um limite para esse tipo de investimento na Cultura com isenção: 4% de todo o IR arrecadado das empresas, hoje em torno de R$ 1,2 bilhão. Isso significa que quando projetos financiados pela Lei Rouanet chegarem a R$ 1,2 bilhão nenhum outro poderá ser aceito.

Só que a Cultura não consegue usar todos os recursos. Em 2006, os investimentos da Rouanet chegaram a R$ 800 milhões. O que os deputados pretendem é que os recursos restantes até o limite de 4% possam ser usados para financiar projetos ambientais. A idéia é que o empresário que fizer doações ou patrocinar projetos ecológicos possa descontar até 40% do valor das doações e 30% do valor dos patrocínios no IR.

continua após a publicidade

Pelo projeto, só poderão ser doados recursos para projetos que forem aprovados pelo Ministério do Meio Ambiente ou sejam repassados ao Fundo Nacional de Meio Ambiente. ?Essa alternativa resolve o problema do risco de direcionamento dos recursos?, explicou o secretário-executivo do Meio Ambiente, Cláudio Langoni.

O ministério começou a discutir uma proposta igual com a Fazenda mas a resposta foi que só seria possível o governo considerá-la se o teto fosse o mesmo já utilizado para a Cultura – que já estava sendo disputado pela área esportiva, na discussão da Lei do Esporte. Como havia um projeto de lei no Congresso, o ministério optou por levar para lá a discussão.

continua após a publicidade

A proposta foi aprovada pelo Senado em 2005. Ao chegar à Câmara foi feito um substitutivo para incluir a necessidade de os projetos passarem pelo crivo do Ministério do Meio Ambiente. Aprovado pela Comissão de Meio Ambiente, a proposta emperrou na Comissão de Tributação a pedido do governo.

Defesa

?Não há definição de um novo teto. Até se houvesse risco de crescer a isenção fiscal eu seria contra?, disse o deputado Luís Carreira (PFL-BA), presidente da Comissão de Meio Ambiente. ?Mas esta é sempre a posição do governo. O gasto é autorizado, mas não se faz nada para facilitar o investimento.

Para Ferreira, o governo precisa definir claramente sua posição quanto ao projeto. ?Nós estamos dispostos a negociar. Mas eu mesmo disse para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que o governo precisa ter uma posição, porque o ministério da área aprova e a equipe econômica vem e corta.