Projeções do PIB para 2007 continuam cautelosas

O mercado ainda vê com cautela a aceleração do ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas no País) no último trimestre de 2006. O avanço, de 1 1% ante o trimestre anterior, ficou bem acima dos 0,2% e 0,8% do segundo e terceiro trimestres do ano passado. Há consenso entre especialistas de que a economia começou 2007 num ritmo mais forte, mas poucos projetam para o ano uma taxa muito superior aos 2,9% de 2006.

"Vai ter uma transferência um pouco maior, porém o crescimento deverá ficar entre 3% e 3,5%, com alguma tendência de ficar próximo de 3,5%", diz o economista Sergio Vale, da MB Associados. "Ainda acho difícil ser mais que isso.

Para ele, as condições de renda e crédito estão mais fracas que no ano passado e isso bastaria para fazer o consumo das famílias o maior peso do PIB, ter novamente crescimento ao redor dos 3 8% de 2006. "Acho muito difícil chegar a uma expansão do consumo das famílias de 5,5% ou 6%, como parte do mercado espera.

Vale argumenta que a queda dos juros não será suficiente para essa mudança de patamar. Nesse sentido, afirma que, enquanto não se fizer uma reforma fiscal séria, que passe por corte de gastos e queda na carga tributária, não há possibilidade de o País crescer de forma sustentada mais que 4%. "E não é o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que vai conseguir mudar esse cenário.

O economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Edgar Pereira, observa que uma das preocupações é com as importações, que têm crescido de forma vigorosa por causa da desvalorização do dólar ante o real, o que tira competitividade do produto nacional. Ele cita que o consumo das famílias teve aumento de 3,8% no ano passado, exatamente o dobro da expansão da oferta da indústria. Em contrapartida, a importação deu um salto de 18%.

Os dados indicam que grande parte do consumo está sendo suprida por importação, que entra como número negativo na conta do PIB. "Caminhar para um câmbio mais equilibrado é condição determinante para um crescimento maior da economia ainda este ano", defende.

Na avaliação do economista Braulio Borges, da LC Consultores, o resultado do quarto trimestre de 2006 surpreendeu. "Com os números divulgados, eu poderia revisar minha projeção do PIB para cima em até 0,2 ponto porcentual", diz.

A previsão inicial da LCA para 2007, de 3,9%, só não vai ser alterada por causa da mudança na metodologia do PIB, que incluirá uma revisão dos resultados do PIB de 1995 a 2006, ainda a ser divulgada pelo IBGE.

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