Os juros futuros começaram a quinta-feira abrindo uma grande diferença para cima em relação ao fechamento de ontem e ao ajuste para a abertura do dia. O nervosismo já tinha começado ontem no after hours, após o fechamento regular do pregão da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), por causa da queda das bolsas em Wall Street.
E hoje, o desenho do começo da manhã era ainda pior, com quedas acentuadas nas bolsas de valores de todo o mundo. Porém, meia hora após recomeçar os negócios no pregão eletrônico GTS da BM&F as taxas do depósito interfinanceiro (DI) voltavam a níveis mais próximos à estabilidade em relação aos fechamentos anteriores. Às 10h09, a projeção do DI com vencimento para janeiro de 2008 estava em 15,74%, ante encerramento de 15,79% no dia anterior
O quadro externo já mostrava discreta melhora em relação ao nervosismo. Mas, para o mercado interno de juros, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) foi também um grande freio ao estresse. O documento mostrou que, mesmo reconhecendo que a volatilidade internacional provoca incertezas em relação à inflação futura, o Banco Central continua considerando esse quadro como transitório
A ata do Copom, divulgada às 8h30, trouxe como novidade em relação ao documento anterior justamente a análise do quadro internacional. O petróleo foi citado como outra preocupação, com preços em patamares elevados e excessivamente voláteis. A palavra "parcimônia" (em relação à política monetária), introduzida na ata anterior, foi repetida no texto desta quinta-feira
Contudo, na avaliação geral sobre o cenário externo, o Copom continuou atribuindo "baixa probabilidade a um cenário de deterioração significativa nos mercados financeiros internacionais", a ponto de comprometer as condições de financiamento do Brasil. Essa visão menos pessimista aparece claramente também quando o Comitê avalia que as causas principais da instabilidade externa têm "caráter transitório", ao mesmo tempo em que destaca os "sólidos fundamentos da economia brasileira". Ou seja, a ata veio dentro do conservadorismo esperado pelo mercado, mas não tão pesado quanto poderiam imaginar alguns.
O IPCA de maio foi uma boa notícia e ajudou a tranqüilizar o mercado futuro de juros. O índice ficou em 0,10%, ante 0,21% em abril, sendo a queda no preço do álcool (-11,06%) o principal fator responsável pela baixa do resultado geral. Em 12 meses, o IPCA está em 4,23%. É a primeira vez, neste ano, que a inflação acumulada em 12 meses fica abaixo da meta fixada para 2006.