Proibição de roupa extravagante cria polêmica na Câmara

O presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), não quer ver os parlamentares usando roupas extravagantes. Para ele, nada de chapéus, bombachas e outros trajes que fujam à regra da calça comprida, do paletó e da gravata. A decisão está provocando muita controvérsia nos corredores do plenário. Alguns parlamentares reclamaram porque não vão mais poder usar os trajes regionais. A rebeldia pode ser vista como agressão ao decoro parlamentar.

Um dos atingidos pela medida é o deputado Edgar Mão Branca (PV/BA), que não tira da cabeça um chapéu de vaqueiro. "Nos momentos em que nós estamos presidindo a sessão, os parlamentares têm nos procurado para saber se é permitido o uso de chapéu ou de boné dentro do plenário. Vários deles têm manifestado que, se for permitido, eles também querem usar", disse o primeiro vice-presidente da Câmara, deputado Narcio Rodrigues (PSDB-MG)

Antes que virasse moda, a mesa diretora da Câmara decidiu que ninguém mais pode entrar no plenário com roupas e acessórios considerados extravagantes. A decisão da mesa diretora, que vale a partir de hoje, estabelece que os deputados só podem entrar em plenário de terno e gravata. Já as deputadas devem usar traje equivalente. De acordo com regimento da Casa, quem não cumprir essa ordem pode ser punido, primeiro com uma advertência, depois com suspensão e até com a perda de mandato.

A nova regra pegou de surpresa, por exemplo, o deputado Pompeo de Mattos (PDT/RS). No dia da posse, ele apareceu de bombacha, traje típico do sul do País. "A bombacha, para mim, é um traje legal. E nós temos um País continental, com diversidades culturais, que nós temos de aprender a respeitar aqui. Esse decreto vai contra isso", defendeu o parlamentar. O deputado e estilista Clodovil Hernandes (PTC-SP), por sua vez, acha que tem mesmo é que proibir o chapéu em plenário, mas por outra razão: "Um homem bem educado não usa chapéu em ambiente coberto".

Antes de punir o dono do chapéu, os deputados vão tentar convencê-lo a desistir do acessório. A difícil tarefa caberá ao primeiro-secretário da Câmara, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). "Claro que tenho uma missão e que eu acho um pouco espinhosa, na medida em que preciso convencê-lo a que não mais utilize. Eu sei que ele tem afirmado que isso é uma característica dele. Eu até respeito isso. O problema é que o plenário é um local sagrado. Eu vou ter de conversar com ele numa boa, enfim, demovê-lo disso. Tomara que eu consiga", comentou.

Serraglio pode ter certeza que não vai ser fácil mesmo demover o deputado Edgar Mão Branca a deixar de utilizar o chapéu. Ele acha que não está fazendo nada de errado. "Como é que eu posso ser punido se eu tenho consciência de que não estou errado? Antes de me candidatar, eu tomei conhecimento do regimento interno da Casa. Não tem nada lá que me proíba disso. O que não é proibido é permitido, a meu ver. Eu só me candidatei nessa condição".

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