A Secretaria da Saúde comemora o Dia Estadual da Saúde Mental nesta segunda-feira (02) com progressos na reforma psiquiátrica. Seguindo as orientações do Ministério da Saúde, a Secretaria prioriza o atendimento extra-hospitalar através da ampliação do número de Centros de Atenção Psicossocial (Caps), que nos últimos dois anos passaram de 15 para 30 e com o aumento de Residências Terapêuticas de dois para 13. Além disso, estão em fase de implantação outros 26 Centros e seis residências. ?Estamos resgatando a dignidade do paciente com um tratamento humanizado?, afirma o secretário da Saúde, Cláudio Xavier.
A reforma psiquiátrica no Paraná garante os direitos básicos do doente mental, inclusive o de ter acesso aos melhores recursos diagnósticos e terapêuticos disponíveis, numa rede de serviços diversificada; ressalta a necessidade de políticas específicas para a recolocação social e reconhecer a internação hospitalar como mais um dos recursos terapêuticos válidos, desde que de boa qualidade.
Caps
Os Centros de Atenção Psicossocial são ambulatórios que funcionam com equipes multidisciplinares formadas por psicólogos, psiquiatras, pedagogos, educadores, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e enfermeiros, e atendem os pacientes com o objetivo de reinseri-los no meio social, evitando o internamento por tempo integral em hospitais.
Existem três modalidades de atendimento: regime intensivo, com atendimentos diários; semi-intensivo, de atendimento três vezes por semana, e não intensivo que atendem de duas a três vezes por mês. Além dos atendimentos individuais, do paciente com a família e de grupos de pacientes, são realizadas oficinas terapêuticas de produção onde os pacientes fazem trabalhos manuais, restauração de móveis, tapetes, mosaicos e outros.
Residências Terapêuticas
As residências fazem parte da Reabilitação Social e Desinstitucionalização de pacientes de longa permanência dos hospitais psiquiátricos. As residências terapêuticas constituem-se em alternativas de moradia para um grande contingente de pessoas que estão internadas há anos em hospitais psiquiátricos por não contarem com suporte social e familiar adequado. Os moradores recebem tratamento através da rede integral de saúde e contam com a supervisão de um profissional de saúde mental e de dois cuidadores.
De acordo com a coordenadora estadual de Saúde Mental, Cleuse Brandão Barleta, a implantação dessas casas faz parte da política estadual de saúde mental, cuja principal ação é expandir e fortalecer os serviços extra-hospitalares visando mudar o modelo assistencial em saúde mental, antes centrado no hospital psiquiátrico para um modelo de base comunitária. ?Desta forma, a Secretaria tem ampliado o serviço para garantir o acesso dos usuários?, explicou. A ação faz parte do programa De Volta Para Casa, do governo federal. Além da moradia, que é financiada pelo SUS, estes pacientes têm a possibilidade de receber um auxílio de reabilitação psicossocial, benefício do programa De Volta Para Casa, no valor de R$ 240,00 para que possam reconstruir suas vidas.
Atualmente, existem 13 residências terapêuticas, sendo cinco em Curitiba, três em Quatro Barras e outras cinco em Campina Grande do Sul. Alguns pacientes do Hospital Adauto Botelho já estão morando em residências terapêuticas. Localizado na Região Metropolitana de Curitiba, no município de Pinhais, o Hospital Adauto Botelho é especializado em Psiquiatria, sendo referência estadual. Promove tratamento a portadores de transtornos mentais e alcoolismo.
O hospital possui 280 leitos, dos quais 180 são destinados aos pacientes agudos e 102 aos usuários de transtornos mentais de longa permanência, sem vínculo familiar, que estão no hospital, em um período variável de 8 a 30 anos.
Para se identificar os usuários com condições de serem encaminhados para residências terapêuticas foram realizadas avaliações bio-psicossocial, entrevistas, verificações de condições clínicas e discussões técnicas. Antes de ir para as residências terapêuticas, eles passam por uma ?Casa de Passagem?, localizada próxima ao hospital, para iniciarem seu processo de reinserção social. Nesse projeto, 17 usuários tiveram suas famílias localizadas e, após o estabelecimento do vínculo, foram inseridos no ambiente familiar.
