Os programas Luz Fraterna e Luz Legal reduziram a zero o número de pessoas mortas por choques elétricos em postes quando tentavam fazer ligações ilegais de energia – os chamados ?gatos?. A informação foi constatada pela auxiliar de necropsia do Instituto Médico-Legal Cilene Maria Leite, que enviou e-mail ao governador Roberto Requião, em que o agradeceu e parabenizou pelos programas sociais. Os dados foram confirmados pelo Instituto de Criminalística do Paraná, que há mais de dois anos não registra mortes por esta causa.
?O Luz Fraterna não deu apenas mais dignidade para as pessoas pobres. Ele poupou muitas vidas. Depois do programa, nunca mais atendemos nenhum caso de pessoa morta eletrocutada por estar fazendo ?gatos? em postes de luz?, disse a auxiliar de necropsia do IML.
Cilene trabalha no IML há nove anos e disse que já atendeu vários casos em seu plantão de pessoas que perderam a vida por choques em postes de luz. Segundo o chefe da sessão de Engenharia do Instituto de Criminalística, Marcos Gabriel Pereira Bueno, era comum acontecer pelo menos dois acidentes como este por ano. ?Há cerca de dois anos e meio não atendemos nenhum caso sequer de morte de pessoas que estavam fazendo gatos em postes de luz?, contou.
Programas
O Programa Luz Fraterna passou a vigorar em outubro de 2003. Desde então, é o Governo do Paraná quem paga para a Copel as contas de luz de famílias pobres que tenham consumo de, no máximo, 100 quilowatts-hora por mês. Desde este período até março de 2006, o governo já pagou 6.831.953 contas de luz. São cerca de 250 mil famílias favorecidas pelo programa. O benefício é válido para ligações elétricas residenciais de padrão monofásico, ligações rurais monofásicas e rurais bifásicas com disjuntor de até 50 ampères. Também é preciso que o titular não tenha outra conta de luz no seu nome e não tenha débitos em atraso com a Copel.
O programa Luz Legal regulariza as ligações elétricas clandestinas por meio de uma parceria entre a Copel e a Cohapar (Companhia de Habitação do Paraná). As instalações elétricas de alguns bairros da periferia, em grande parte, são irregulares, ligadas diretamente na rede da Copel, sem equipamento intermediário que garanta a segurança dos residentes. Essas ligações são também chamadas ?gatos? ou ?gambiarras?, são feitas com fios quebrados ou sem o isolamento adequado. Oferecem perigo aos moradores e a suas residências, como curtos-circuitos, que provocam ferimentos e até morte por descarga elétrica, além de incêndio nas moradias. Além disso, provocam sobrecargas no sistema, comprometendo equipamentos, como transformadores, e provocando interrupções no abastecimento.
Moradores da Vila Parolin regularizam luz
Em toda a Vila Parolin, segundo o presidente da Associação de Moradores, Edson Pereira Rodrigues, os ?gatos? eram muito comuns. Ele conta que, depois da operação da Secretaria da Segurança Pública deflagrada em maio do ano passado para combater a criminalidade, o governo montou um programa de socialização para a comunidade e trouxe um posto de atendimento da Copel para dentro da Associação.
?Cheguei a organizar umas cem pessoas por dia para fazerem a regularização da luz. Já tivemos muitos problemas com ?gatos?, houve casos de morte por causa dos choques e, uma vez, umas sete casas pegaram fogo ao mesmo tempo por causa de um curto-circuito provocado por uma ?gambiarra??, contou.
Segundo ele, após a regularização, muitos moradores passaram a ter cidadania. ?A luz nos trouxe dignidade, porque muitas pessoas aqui não podiam nem abrir um crediário ou uma conta no banco por não terem comprovante de residência?, revelou.
Os moradores confirmam que passaram a regularizar a conta de luz do ano passado para cá, e o programa Luz Fraterna tem ajudado na economia da casa. O aposentado Clóvis Fabri, 77 anos, mora a 20 na vila e diz que, desde o ano passado, quase não paga conta de luz. ?Antes eu tinha ?gambiarra? porque a conta era muito cara. Mas há um ano eu regularizei e quase nunca pago a conta por causa do programa Luz Fraterna. Quando vem, é cinco, dez reais?, contou.
O casal de catadores de papel Juliana Aparecida Souza, 28, e Jonas Vicente Lúcio, 33, também contam com a ajuda do Luz Fraterna. ?Em nosso terreno tem mais uma família morando e todos nós juntos gastamos uma média de R$ 25,00 por mês. Antes, a conta vinha com mais de R$ 60,00 de luz por mês?, revela Juliana.
A vizinha, Terezinha do Rocio Cruz, 40, que também é catadora de papel, regularizou sua situação há um ano por causa do programa. ?Com o trabalho da Copel e da Associação aqui no bairro, decidi me cadastrar. Hoje, pago em média R$ 30,00 por mês e me sinto melhor por estar em dia e regularizada?, revelou.
Serviço:
A Copel mantém à disposição um telefone especial com chamada gratuita (0800 643 5445), que funciona no horário comercial, para a prestação de informações e orientação quanto ao cadastramento no Luz Fraterna e em outros programas sociais da empresa.
Vila foi marcada por um histórico de mortes por choques em postes de luz e incêndios nas casas por curto circuito