Uma das prioridades do governo federal para este ano, anunciada durante a última reunião ministerial, na Granja do Torto, é acabar com as filas no serviço público, sobretudo nos hospitais e postos da Previdência Social. Na área de saúde, um programa do governo federal, o Qualisus, que já foi implantado em cinco estados, pode ser um remédio a longo prazo para as filas nos hospitais públicos. Até o fim deste ano, o programa deve chegar a todas as capitais.

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Por meio do Qualisus, o Ministério da Saúde busca melhorar, inicialmente, o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), sobretudo nas emergências hospitalares, consideradas o grande gargalo do sistema no que diz respeito às filas. Para ter uma idéia das dimensões do problema, basta observar o número de internações por ano, que é de 11 milhões, observou Antônio Mendes, coordenador do Qualisus.

O programa deve ser implementado em todas as capitais brasileiras e também nas regiões metropolitanas. Com isso, os hospitais associados receberão recursos do orçamento do Ministério da Saúde, no valor de R$ 640 milhões, até 2006 (R$ 240 milhões em 2005 e R$ 360 milhões em 2006). Além da dinamização das urgências, com o auxílio de consultores do ministério, o programa busca investir em reformas e em novos equipamentos.

Para diminuir as filas e os problemas dos pacientes, o Qualisus instalará a triagem com classificação de risco, em que a prioridade é o atendimento por gravidade e não por ordem de chegada. Além disso, o setor de emergência será reestruturado com espaços definidos por grau de risco (alto, médio e baixo).

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"Dentro desta qualificação, vamos trabalhar primeiro o acesso da população a essas unidades. Pessoas com grau maior de risco passam na frente de quem chega com menor grau. Isso não reduz o número de pessoas que chega ali, mas qualifica. Deixa de ser uma fila única para ser várias por gravidade. Isso agiliza, qualifica o atendimento e salva vidas, o que é mais importante", disse Antônio Mendes.

O programa regulará a porta de entrada do paciente, que será direcionado ao local certo pelo 192, o número do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Além disso, as unidades de pronto atendimento não-hospitalar, conhecidas como ambulatórios, serão organizadas e instaladas para atender casos mais simples. "Isso evita que estes casos cheguem às grandes unidades hospitalares, gerando filas", ressaltou.

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Cinco estados brasileiros (Rio de Janeiro, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Goiás) aderiram ao programa, que entrou em vigor em junho de 2004. O primeiro foi o Rio de Janeiro, onde os investimentos do Ministério da Saúde chegam a R$ 38 milhões. No Rio, as unidades hospitalares que estão inscritas no Qualisus são as municipais Miguel Couto, Andaraí, Souza Aguiar, o estadual Rocha Faria e o federal Bonsucesso.

"A partir de janeiro, iniciaremos trabalho em várias capitais, chegando a todas até o fim do ano. Nas cinco capitais inscritas hoje, obras estão em processo de licitação, em paralelo com a atuação de equipes do ministério, que discutem mudanças qualitativas (como a implantação de ouvidorias, protocolos de atenção clínica e treinamento de pessoal). Isso prescinde da obra e já está sendo feito. Todas estas unidades estão sucateadas", constatou.