Rio de Janeiro (AE) – Principal patrocinadora do País na área cultural, a Petrobrás lançou na semana passada a edição 2005/2006 do Programa Petrobrás Cultural, que vai distribuir R$ 46,5 milhões para projetos de todo o Brasil que se submeterem a uma seleção pública. Poderão concorrer propostas do setor de preservação e memória, que inclui preservação de bens culturais materiais e imateriais, e de produção e difusão de cinema, música, artes cênicas e visuais. Outros R$ 15,5 milhões serão investidos em projetos escolhidos pelo Conselho Petrobrás Cultural. Entre eles, a restauração de toda a obra do cineasta Nelson Pereira dos Santos e a realização do Mix Brasil, feira da diversidade sexual de São Paulo, além do patrocínio de grupos de dança, de teatro e de música e mais de 30 festivais de cinema, vídeo e TV.
Iniciativas já apoiadas pela empresa, como os grupos Corpo, Galpão (de Minas Gerais) e AfroReggae (do Rio) e a manutenção do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, e do Museu Arqueológico do Xingó, no Sergipe, continuarão a receber recursos. As inscrições só podem ser feitas pela internet, pelo site www.petrobras.com.br (mais inf. pelo tel. 0800-789001). Estarão abertas até janeiro e os resultados deverão ser anunciados em maio.
Desde 2001, mais de 500 projetos foram contemplados em seleções públicas feitas pela Petrobrás, num total de investimentos de R$ 160 milhões. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, que esteve presente ao lançamento, no Rio, destacou que uma das prioridades é descentralizar o patrocínio, para que não fique só no Rio e em São Paulo. "A seleção pública democratiza, dá transparência ao programa e abre espaço para áreas distantes dos grandes centros", disse Gil, apontando o aumento dos investimentos em regiões antes negligenciadas, como o Norte.
"A Petrobrás e outras estatais e o próprio ministério estão convergindo para estabelecer uma política pública para a área da cultura. Esta será uma das marcas importantes que vamos deixar." Gil anunciou a criação do site www.overmundo.com.br, revista eletrônica coordenada pelo antropólogo Hermano Vianna com correspondentes nos 27 Estados, que vão escrever sobre manifestações culturais locais. A página foi um dos projetos selecionados em 2004.
Nelson Pereira acha que não conseguiria salvar seus 17 longas e 2 médias-metragens não fossem os R$ 2 milhões da Petrobrás. "Meu acervo está em perigo, especialmente os filmes mais antigos", afirmou. Recentemente, para comemorar os 50 anos de Rio, 40 Graus, foi preciso trazer uma cópia dos EUA, porque não havia no Brasil nenhuma em condições de ser exibida. O trabalho de recuperação deverá terminar em 2007.
