A Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos desenvolve o Programa ?Paraná Mais Peixe? que visa o repovoamento do estoque pesqueiro nos rios Piquiri e bacia do Paraná III. O Programa também prevê incentivos para pequenos produtores estimulando a piscicultura com espécies nativas nos municípios da região. ?O diferencial deste programa é feito em parceria com as prefeituras, e além de beneficiar o meio ambiente aumenta a sustentabilidade financeira do pequeno produtor?, afirmou o secretário Luiz Eduardo Cheida.
O Programa está sendo desenvolvido e coordenado pelo Centro de Pesquisas em Aqüicultura Ambiental (CPA), em Toledo, e inicialmente já está sendo implantado em 10 municípios do Estado. Fazem parte do Programa ?Paraná Mais Peixe? os municípios de Goioerê, Nova Aurora, Pato Bragado, Vera Cruz do Oeste, Missal, Santa Helena, Santa Terezinha de Itaipu e Itaipulândia.
O Centro conta atualmente com 96 tanques ou viveiros com capacidade para produção de larvas (filhotes, com até oito dias). Somente no primeiro trimestre deste ano foram geradas mais de 6,5 milhões de larvas já superando a meta estabelecida para 2005 que era de cinco milhões. ?A criação industrial de peixes para comércio possui um índice de sobrevivência de 25%. A média de 40% dos CPAA está acima de qualquer índice divulgado até agora?, afirmou o presidente do IAP, Rasca Rodrigues. Segundo ele, a meta é que já em 2006 o CPA tenha capacidade de produção de 25 milhões de larvas.
De acordo com o Programa, a porcentagem de larvas que se tornam alevinos – quando o peixe está apto para engorda ou ser solto no rio ? são repassadas aos produtores para engorda. Para participar do Programa o produtor deve ter uma infra-estrutura mínima como tanque ou viveiro e rede de arrastão, entrando apenas com a mão-de-obra.
Os produtores são indicados pelas prefeituras que firmam com a Secretaria do Meio Ambiente e IAP um Termo de Cooperação, onde o Governo entra com a orientação e preparo do produtor e a prefeitura entra com técnicos, ração e auxílio posterior na soltura dos peixes juvenis nos rios. Os profissionais do IAP ensinam técnicas de criação, produção, soltura e comercialização dos peixes.
De acordo com o engenheiro de pesca e coordenador do Projeto, Taciano César Freire Maranhão, o município gasta em torno de R$ 2,5 mil para produzir 50 mil alevinos. ?Já o piscicultor iniciando o projeto em larga escala poderá ter um ganho de até R$ 5 mil para cada lote de 50 mil peixes?, explica. O peixe juvenil tem um valor comercial de R$ 0,10 a R$ 0,15 a unidade, dependendo da espécie.
Entre as espécies nativas que estão sendo reproduzidas no CPA para repovoamento estão o pacu, piapara, curimbatá, piracanjuva, mandi, pintado, dourado, jundiá e forrageiros (lambaris, acarás).
Exemplo
Em Goioerê foram geradas mais de dois milhões de larvas das espécies pacu, curimba, jundiá, piapara e piracanjuba. Já em Itaipu foram produzidas mais de 1,45 milhão de larvas de pacu e curimba.
Somente a produção deste primeiro trimestre em Goioerê já alcançou o volume da produção de larvas no CPAA em todo o ano de 2002. Se somada a produção total do Centro somente neste ano, foi triplicado o número de peixes produzidos com relação a 2002.
O IAP vem estudando a possibilidade de ampliar o número de municípios inseridos no Programa garantindo ainda o monitoramento do desenvolvimento das espécies e fomentando a atividade pesqueira no Paraná. A prioridade é para os municípios que estão inseridos na bacia dos rios Piquiri e Paraná III.
Justificativa
O Programa Paraná Mais Peixe foi desenvolvido com base na constatação de que o estoque pesqueiro nos rios está ameaçado. Entre os principais efeitos causadores da redução no número de peixes está a ocupação desordenada ? implantação de estruturas fundiárias próxima a lavouras, construção de indústrias e falta de áreas de inundação como várzeas, alagados e lagoas que são corredores migratórios de peixes.
Estes corredores naturais foram ameaçadas pelo desenvolvimento irregular e, também, aumento na pesca amadora – muito explorada comercialmente na região. ?Recentemente alunos dos cursos de Engenharia de Pesca da Unioeste em Toledo fizeram um estudo que apontou que espécies como a piapara, pintado e piracanjuva não estão mais se reproduzindo nos rios da região. Essas espécies têm um alto valor de mercado?, explica Taciano.