De um lado, um PT confiante, comemorando seu crescimento nas urnas e exibindo alianças de alto escalão. De outro, um adversário tucano com ar sério, sem festas nem vinhetas, rememorando projetos de campanha e cobrando do rival que entre no debate. Foi assim, em ritmos e tons muito diferentes, a volta dos dois presidenciáveis, hoje à tarde, ao horário eleitoral na televisão – um reflexo, na verdade, da posição que cada um ostenta nas pesquisas.
“Temos uma base de apoio que nos garante sustentabilidade para fazer as mudanças de que o País precisa”, disse Lula. Festejar a vitória – não só a dele, mas a do partido, que também elegeu dois governadores, foi para segundo turno em oito Estados, formou a maior bancada da Câmara e elegeu 10 senadores – foi o objetivo primordial do programa. O vice da chapa de Lula, José Alencar (PL-MG), lembrou que “mais de três quartos dos eleitores brasileiros querem alternância de poder”.
Os dois presidenciáveis derrotados, que juntos somaram 25% dos votos para presidente, foram exibidos com grande alarde, dando apoio a Lula em frases claras, inequívocas. Anthony Garotinho (PSB) dirigiu-se ao seu eleitorado: “Eu e o Lula queremos a mesma coisa: mudanças. A vocês, que votaram em mim, eu peço: agora é Lula”. Ciro repetiu as críticas ao governo, disse a Lula que “Nosso projeto de mudança está renovado em você” e enfatizou ao espectador: “Você de casa, que votou em mim, receba a minha gratidão e nesse momento lhe peço, vote no Lula”.
O programa referiu-se ainda aos debates, que se tornaram o tema central das entrevistas do rival José Serra. Exibindo seguidas manchetes de jornal, que apontam Lula como vencedor de vários debates, destacou-se que Lula “nunca fugiu do debate” e que debaterá de novo, dia 25, na Rede Globo.
Serra
Em estilo discreto, num cenário austero de quem tem milhões de votos a conquistar em duas semanas e precisa entrar direto no assunto, o tucano José Serra apostou seus 10 minutos em uma “entrevista-verdade” com perguntas feitas pelo jornalista Alexandre Machado. Serra estava descontraído, com voz tranqüila e um bom ritmo, e em clima oposto ao da euforia do adversário. Foi uma decepção a alguns tucanos. “O primeiro programa é sempre um aquecimento”, explicou o presidente nacional do PSDB e coordenador da campanha de Serra, deputado José Aníbal.
Serra falou da “resistência do PT em debater comigo” e reiterou duas diferenças entre um eventual governo dele e o do presidente Fernando Henrique: as áreas de segurança, na qual sua equipe de governo atuaria ao lado dos governos estaduais, e emprego, com todos os ministérios envolvidos na tarefa de criar empregos.