Esquentar água no fogão para o banho e depender da vela ou do lampião nas atividades noturnas estão se tornando coisas do passado para paranaenses moradores de áreas rurais. O programa Luz para Todos, executado no Estado pela Copel, já iniciou o atendimento em 313, dos 399 municípios paranaenses. Quase cinco mil famílias já tiveram a energia elétrica ligada gratuitamente pelo programa e outras 25.612 ligações estão em andamento.

continua após a publicidade

No domingo, foram inauguradas oficialmente as instalações elétricas no Assentamento 12 de Abril, no município de Bituruna, que beneficiam 216 consumidores. Foram instalados 715 postes, 197 transformadores e rede de 95 quilômetros. As obras custaram cerca de R$ 1,5 milhão e começaram a ser executadas em fevereiro. Na solenidade estiveram presentes os deputados Pedro Ivo e Selma Chons, alem do prefeito de Bituruna, Lauro Agostini, e representantes da Emater, Secretaria da Agricultura e Abastecimento, e Eletrosul. A Copel esteve representada por Paulo Sérgio Mitter, responsável pelo programa, pela empresa.

Apesar de o Paraná ter a terceira área rural mais bem atendida do País, a Copel acredita que ainda haja famílias não cadastradas. ?Nossas equipes de geoprocessamento e topografia estão fazendo uma varredura em busca dessas pessoas que ainda não contam com o serviço de energia?, conta o diretor de distribuição, Ronald Ravedutti, sobre o emprego da tecnologia de informações geoprocessadas para minimizar os custos e tornar mais ágil o atendimento numa mesma região.

No município de Mato Rico, por exemplo, o número de famílias inscritas no programa saltou de 124 para 399, após a varredura da Copel. O programa é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e custeado em 80% pelo governo do Paraná e a Copel. Até 2006, os investimentos estaduais no programa passarão de R$ 150 milhões. ?A Copel entende que a energia elétrica é um insumo básico para a vida das pessoas e não apenas mais um produto, por isso estamos empregando gente e tecnologia para agilizar o atendimento?, confirma Rubens Ghilardi, presidente da estatal. ?A melhor empresa do setor na América Latina é também uma empresa que se preocupa com o bem-estar e a qualidade de vida dos paranaenses?.

continua após a publicidade

Fim da espera

Em Barra Bonita, distrito de Pitanga, a espera pela energia já acabou para muitas famílias, como a do agricultor Jacir Macedo de Almeida. Ele planta feijão na maior parte do lote onde mora com a mulher e dois filhos e está satisfeito com a economia que a energia elétrica trouxe: ?a gente economiza querosene, pilha para o rádio, e o lote pegou mais valor?, diz ele. O dinheiro que sobra já está sendo investido em melhoria na casa, que em breve vai ganhar uma geladeira.

continua após a publicidade

Geladeira ligada também é novidade e ajuda os negócios na casa de Zilda Santos da Rocha, que fabrica queijo com o leite das 12 vacas criadas pelo pai. Segundo Zilda, o produto cura melhor na geladeira e já sai pronto para a venda. Há oito anos eles moram na zona rural de Campo Mourão e pela primeira vez Adalgísio Veneno da Rocha, pai de Zilda, pôde aposentar as velas e ler a bíblia à luz de uma lâmpada à noite. Antes, nem mesmo o lampião era utilizado pela família, por causa do custo do querosene.

Mas, para Zilda, a principal vantagem da energia elétrica é outra. A mãe teve problemas de saúde por ter que carregar latas de água na cabeça e ela, que sofre de bronquite, tinha medo de agravar a doença exercendo a mesma atividade. Agora, também puderam tirar a mangueira dos animais de perto do córrego e trazê-la para mais perto de casa, para onde a água é bombeada.

Geração

Samuel Ferreira da Rosa, com somente nove anos de idade, tem a resposta na ponta da língua, com relação às mudanças que vieram junto com a luz elétrica. ?Agora está melhor, porque clareia tudo e dá para estudar à noite?, diz. Ele cursa a 3.ª série e mora com os pais e dois irmãos em um pequeno sítio de Barra Bonita. Antes de ser atendida pela Copel, a família tinha um ?rabicho?, que mantinha ligados apenas uma lâmpada e o aparelho de rádio. ?Agora a gente pode ter o que quiser e já construiu um potreiro para os porcos?, comemora a mãe de Samuel, Roseli da Rocha, grávida do quarto filho, e que agora passa a ter também um comprovante de endereço. A ligação de energia, antes orçada em R$ 5 mil, chegou há dois meses, de graça.

A casa de Roseli é ponto de encontro para os vizinhos, à tarde. Todos eles receberam luz elétrica recentemente pelo programa Luz para Todos, como Rosa Svenar, que recebeu energia em casa pela primeira vez, em seus 63 anos de idade. A família agora trocou o consumo de dois litros de querosene e 20 velas todo mês pelas facilidades de um tanquinho elétrico para lavar as roupas e um congelador para guardar as carnes.

Estimativa é de 36 mil ligações até 2007

O cadastro pode ser feito pelo morador rural ou um representante, através do telefone gratuito: 0800-643-7676, ou nas agências da Copel. A ligação é feita sem custos, e o morador recebe um kit com tomadas, bicos de luz e fiação interna. O programa atende apenas propriedades onde haja moradores e prioriza áreas de baixo IDH, assentamentos rurais e comunidades indígenas, além das famílias que já haviam sido cadastradas para o programa ?Luz no Campo?.

A estimativa da Copel é de que 36.000 ligações sejam feitas pelo programa Luz para Todos até 2007. O plano amplia gradativamente o número de municípios que terão o atendimento gratuito. A meta nacional do programa é levar a energia elétrica a todos os brasileiros excluídos do serviço nas zonas rurais, cerca de 12 milhões de pessoas, até 2008, o que geraria 300 mil empregos decorrentes do desenvolvimento promovido pelo atendimento nessas regiões.