Programa inédito reduz mortalidade em leitos de UTI no Paraná

O médico da Sociedade Paranaense de Terapia Intensiva, Álvaro Réa Neto, apresentou nesta quarta-feira (31) ao Conselho Estadual de Saúde os primeiros resultados do Programa de Otimização do Tratamento da Síndrome Séptica (Potss), popularmente conhecida como Sepse. A redução na mortalidade foi de cerca de 30% após a implantação do programa, uma iniciativa da Secretaria estadual da Saúde em parceria com a entidade.

Segundo Réa, inicialmente foram escolhidos quatro hospitais de ensino para utilizarem os novos protocolos de tratamento, que inclui ainda a utilização de uma droga de última geração, chamada proteína C ativada. Paralelamente são desenvolvidos diversos treinamentos com os profissionais de saúde envolvidos, para que o protocolo seja seguido à risca e todos os recursos disponíveis sejam otimizados em sua utilização.

?A sepse é a principal causa de mortes em UTIs no Brasil e também no Paraná. No mundo todo são 1,4 mil mortes por dia desta síndrome. Praticamente não existia um programa específico para uma doença que atinge um a cada seis doentes em leitos de UTI?, diz. O médico ainda destacou que a sepse em alguns casos mata tanto quanto o infarto agudo do miocárdio, uma das principais causas de morte nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.

Os quatro hospitais são os universitários de Londrina, Cascavel, ainda o Hospital de Clínicas e o Hospital do Trabalhador, os dois últimos em Curitiba. ?Ainda queremos estender este programa a outros hospitais no Estado, continuando com o treinamento das equipes e aquisição do medicamento para os hospitais públicos?, complementa o secretário da Saúde, Cláudio Xavier. Ele diz que a utilização do protocolo de tratamento não apenas normatiza e melhora o tratamento, como garante a melhor utilização dos investimentos públicos.

?A maioria dos recursos, com exceção deste medicamento de última geração, são os mesmos de antes. Só que estão dentro de um protocolo bem definido que é a base dos tratamentos avançados em todo o mundo. Apenas melhoramos sua utilização e incluímos esta nova medicação como mais uma alternativa. E o melhor é que o paciente se recupera sem seqüelas?, esclarece o diretor da Central de Medicamentos do Paraná, Luiz Fernando Ribas. Esta situação, além de salvar vidas, faz com que a recuperação seja mais rápida.

Para o secretário de Saúde de Maringá, membro do Conselho Estadual de Saúde e presidente do Conselho dos Secretários Municipais de Saúde (Cosems), Antônio Carlos Nardie, a iniciativa é louvável. ?Não podemos deixar de parabenizar o projeto. O resultado está aí, salvando vidas. Este é nosso papel?, comemora. ?Este programa é uma obrigação do serviço público em hospitais universitários, estabelecendo parâmetros. Isto propicia que depois possa ir para hospitais públicos menores e servir de parâmetro para os hospitais particulares?, analisa o diretor-geral do Hospital de Clínicas, Giovani Loddo.

A doença

A incidência da Sepse aumentou três vezes nos últimos anos em todo o mundo. São 18 milhões de casos por ano. Trata-se de uma infecção que acaba se generalizando e levando à falência diversos órgãos. O paciente pode, por exemplo, começar com uma pneumonia que se alastra e atinge outros órgãos vitais, como o fígado.

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