Alcântara – O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Sergio Gaudenzi, disse hoje (23) em Alcântara (MA), que o orçamento para o programa espacial brasileiro deverá chegar perto dos US$ 200 milhões este ano. Este será o maior volume de recursos aplicados em atividades espaciais no país.
Antes disso, o maior montante foram os US$ 96 milhões investidos no último ano do governo Sarney.
O orçamento de cerca de US$ 200 milhões ainda não é considerado ideal, mas se aproxima muito do valor mínimo para sustentar um programa espacial como o do Brasil. Com um orçamento como o previsto para 2006, o programa especial poderá ser retomado integralmente, inclusive com o desenvolvimento da Missão Espacial Brasileira Completa (MECB), que tem como meta lançar um satélite brasileiro, com foguete projetado e fabricado no País, a partir de um centro de lançamento localizado em território nacional.
Segundo Gaudenzi, o orçamento que o governo federal destinou à AEB é de pouco mais de US$ 100 milhões. O restante virá de emendas no orçamento propostas por parlamentares. A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (Credn) deverá propor emenda de maior valor.
Os recursos serão empregados na ampliação do programa de satélites, na retomada do programa de desenvolvimento de foguetes, em infra-estrutura na base de Alcântara, em programa de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia espacial e na concretização da joint-ventury Alcantara Cylcone Space (ACS)
A ACS é o primeiro projeto do tipo desenvolvido pelo Brasil e a joint-ventury será formada por duas estatais ucranianas – a Yuznoye, especializada em designer de foguetes, e a Yuzhmash, responsável pela construção dos foguetes ucranianos – e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).
A empresa binacional irá oferecer ao mercado internacional o serviço de lançamento de satélites com o foguete Cyclone IV a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Hoje, técnicos das duas nações estão trabalhando na composição do estatuto da ACS e a previsão é que até o segundo semestre o documento esteja pronto
O investimento brasileiro no projeto será para melhorar a infra-estrutura de Alcântara e os ucranianos vão custear a o desenvolvimento do foguete Cyclone IV e a construção de um sítio de lançamento para ele na área do CLÃ.
Segundo Gaudenzi cada lançamento contratado pela ACS custará cerca de US$ 2 milhões, pagos pelos clientes da joint-ventury, e renderá um lucro de US$ 25 milhões em cada uma das missões. "Como o governo brasileiro e o ucraniano são sócios paritários da ACS, metade deste lucro ficará para o Brasil. O desafio é garantir que estes recursos sejam destinados ao fundo espacial para que se possa reinvestir no nosso programa espacial", comentou o presidente da AEB.