Aos poucos se escancara à nação a situação real do sistema aeroviário. Por mais que a lembrança aprofunde a dor de centenas de enlutados, a laceração da ferida adubada na incapacidade gestora de certos órgãos estatais destinados a oferecer parâmetros para operações seguras para a aviação comercial foi a morte de 199 pessoas no trágico acidente do Airbus A320 da TAM, no Aeroporto de Congonhas, no início da noite de 17 de julho passado.
Segundo informações publicadas pelo jornal Valor, na edição de anteontem, levantamento preparado com base em depoimentos de pilotos comerciais e empresas aéreas enumera as deficiências detectadas na maioria dos aeroportos do País, de Belém do Pará a Porto Alegre.
Falhas elementares no escoamento da água empoçada sobre as pistas, superação dos instrumentos usados para orientar pousos e decolagens em condições meteorológicas adversas, além do desconforto nas salas de embarque e aperto nas áreas de check-in, são problemas comuns da infra-estrutura aeroportuária nacional.
O autor da matéria, jornalista Daniel Rittner, informa que nos terminais de passageiros de Ilhéus (BA), Navegantes (SC) e Boa Vista (RR), sequer existe vigilância policial, tendo em vista que os referidos locais não contam com a cobertura sistemática de policiais civis, militares ou federais.
Na última segunda-feira, 20, foram iniciadas as obras de recapeamento da pista principal do Aeroporto de Cumbica, na Grande São Paulo, principal alternativa para aliviar o intenso tráfego de Congonhas. Providência semelhante, no entanto, foi reputada como indispensável em vários outros aeroportos, pelos atores que conhecem a realidade em todos os seus aspectos, os pilotos de nossa aviação civil.
Fator que clama por solução imediata é a inexistência de pistas de taxiamento como alternativa para pousos de emergência, sobretudo nos aeroportos que operam em pista única. Essas pistas devem ter largura, iluminação e condições de suportar o impacto de um pouso mesmo emergencial. ?Requisitos raramente cumpridos nos aeroportos brasileiros?, informou Rittner, reproduzindo o levantamento realizado pelo Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea).
O documento foi encaminhado ao ministro Nelson Jobim, de quem se aguarda proficiente leitura.