Brasília – O 5.º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes, uma pesquisa encomendada em 2004 pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostrou que 65% dos estudantes do ensino básico de escolas públicas de todo o país já haviam consumido álcool.
A idade média do primeiro uso de substância alcoólica é de 12,5 anos, segundo o estudo. Para mudar essa realidade, a Senad, o Ministério da Educação (MEC) e a Universidade de Brasília (UnB) apresentaram nesta segunda-feira (29), em Brasília, o 1º Curso de Prevenção do Uso de Drogas para Educadores de Escolas Públicas.
O curso teve início no dia 15 de janeiro. Durante quatro meses, 20 mil professores de 2.289 instituições de ensino fundamental e médio vão receber orientações e discutir como abordar e prevenir o uso de drogas nas escolas. O curso, que é feito a distância, tem como material de auxílio aos professores um kit composto por livro e DVD com 16 vídeos-aula mostrando situações que podem ocorrer nas escolas.
Em 2004, a Senad, em parceria com o MEC, realizou um projeto-piloto com cinco mil professores em todo o Brasil. Os educadores foram capacitados aidentificar as drogas mais usadas, orientar os estudantes, os pais e auxiliar no programa de prevenção de drogas da escola.
A professora Vera Lúcia Batista, do Centro de Ensino Médio do Gama (cidade satélite de Brasília), é uma das participantes do curso. Para ela, a maior dificuldade dos professores é abordar o assunto em sala de aula. Por um lado, os alunos não se abrem para o assunto, e por outro, os professores não foram preparados para tratar o tema.
?É muito difícil, é uma incógnita dentro da escola. Você sabe que fumam, enfim, que usam, mas é como se não fizessem uso, e nós não podemos estar abordando, chegando assim. Tem toda uma estratégia, até para não constranger, enfim, uma série de coisas?, disse a educadora.
Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, a questão da abordagem é fundamental para a solução do problema. "Muitas vezes, o professor até sabe identificar o problema, mas nem todo mundo tem a facilidade ou a capacitação necessárias para conversar com o aluno, para tratar do problema de maneira adequada esperando os resultados almejado?, afirmou Haddad.
O curso é dividido em quatro módulos: O adolescente em desenvolvimento na família e na escola, Conceitos e informações básicas sobre a droga; A prevenção: questão educacional e de saúde e Estratégias de prevenção na escola. Os professores vão receber orientação de 100 tutores, entre psicólogos, médicos e estudantes da área de saúde. Ao final do curso, cada grupo de professores de uma mesma escola deverá elaborar um projeto de prevenção de acordo com a realidade de seus estudantes.