Professores observam dificuldades em sala

Com o início das aulas, além da preocupação com a inclusão dos alunos nas escolas, pais, professores e profissionais da saúde se ateem também com possíveis problemas de audição, visão ou de atenção que possam prejudicar o rendimento das crianças. Os problemas mais comuns estão relacionados à audição.

“Pode vir a prejudicar os alunos na escola, principalmente na fase de alfabetização, quando as crianças muitas vezes podem entender letras erradas ou até mesmo ficar desatentas durante a aula”, diz a especialista em audiologia Anylize Zom Scheidt.

De acordo com ela, exames realizados pelas escolas em parceria com centros médicos podem ajudar e identificar as carências auditivas das crianças precocemente. “Crianças que falam alto, estão sempre roucas ou com inflamações no ouvido são as mais propícias a terem problemas de audição.

Felizmente os pais e as escolas estão se preocupando com isso. Para evitar que o problema aconteça, várias instituições de ensino nos convidam para avaliação audiológica em seus alunos. Em média, de cada cem crianças analisadas, cinco apresentam problemas na audição”, diz Scheidt.

Complicações na visão também podem prejudicar o rendimento das crianças nas salas de aula. Para evitar que isso aconteça, o Projeto de Lei 776/2008 prevê que, ao iniciarem as aulas, os alunos recebam uma cartilha sobre o uso correto do computador e videogame, aparelhos eletrônicos que mais causam miopia em crianças.

Esta é a principal constatação de um estudo recente feito com 360 crianças pelo Instituto Penido Burnier, de Campinas (SP). Caso a criança não seja diagnosticada e tratada previamente, a miopia pode se tornar um mal permanente.

Para saber se as crianças sofrem de miopia, basta realizar o teste disponível no site do hospital (www.penidoburnier.com.br). A avaliação consiste em três categorias, para adultos analfabetos, crianças analfabetas e para alfabetizados.

Indisciplina

Além dos problemas de visão e audição, que podem comprometer o desempenho dos alunos, a desobediência também é apontada por especialistas como fator responsável pelo baixo rendimento.

“Os casos de indisciplina podem gerar falta de atenção nos alunos. Quando registramos algum incidente, reunimos a criança e a professora. A professora conversa com a criança sobre o incidente e, caso a ação se repita, é escrito um recado na agenda do aluno. Se acontecer novamente, o aluno ou o grupo de alunos envolvidos na ocorrência conversam com a diretora. Nessa conversa, os próprios alunos percebem que o que fizeram é errado”, afirma a diretora da Escola Atuação, Esther Cristina.

“Para que uma criança respeite um adulto, o segredo é manter um diálogo firme com o jovem. Quando a criança percebe que é amada, não vê problemas em receber um não como resposta”, complementa.

Merenda saudável no ensino público da capital

As escolas públicas de Curitiba têm primado por reduzir cada vez mais o consumo de alimentos excessivamente calóricos e incentivar a ingestão de frutas e verduras entre as crianças matriculadas na rede municipal. A Secretaria Municipal de Educação desenvolve um trabalho de educação nutricional com pais e alunos de creches e do ensino fundamental.

O estado nutricional de alunos da rede municipal vem sendo acompanhado desde 1996. Segundo a nutricionista e gerente de alimentação da secretaria, Sirlei Molletta Valaski, em função do trabalho, os índices de obesidade têm sido baixos nas crianças que ficam em período integral nas creches e escolas.

“As crianças que estudam em período integral recebem café-da-manhã, almoço e merenda. Já nas creches, são fornecidas de quatro a cinco refeições por dia. Porém, entre as crianças que estudam meio período, a obesidade se faz mais presente. Isso porque a merenda representa apenas 15% de suas necessidades diárias de calorias e elas têm, fora da escola, maior acesso a alimentos menos saudáveis”, comenta.

O governo federal limita em 30% a utilização dos recursos destinados à merenda escolar com alimentos considerados industrializados (como sopas prontas, pudins, carnes enlatadas e temperos prontos). Na capital paranaense, apenas 14% das verbas utilizadas pela prefeitura são destinadas à compra destes produtos.

“No almoço, as crianças recebem arroz, feijão, carne, salada e algum acompanhamento, geralmente um vegetal cozido. De sobremesa, são fornecidas apenas frutas. No lanche, são preparadas salada de fruta, canjica, arroz doce. Fornecemos massas, mas apenas duas vezes por semana, assada e sem gordura”, explica a nutricionista. “Os estudantes do ensino fundamental também recebem peixe.” (Cintia Végas)

PR tem menos matrículas

O Censo Escolar da Educação Básica de 2008, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apontou um resultado estável no Brasil se comparado com o ano de 2007.

No ano passado, houve um aumento de 203.940 matrículas em todas as modalidades da educação básica. Em 2007 foram 53.028.928 estudantes matriculados; já em 2008, esse número passou para 53.232.868, incremento que corresponde a 0,4%. Mas no Paraná, em termos gerais, a tendência não foi seguida e houve decréscimo de matrículas.

No censo foram comparadas as matrículas realizadas na educação básica, infantil, creches, pré-escola, ensino fundamental, médio, educação especial e profissional. No Paraná, dentre todas, as matrículas na educação profissional foram as que mais se destacaram, com um acréscimo de 7,1 pontos percentuais.

Em seguida vem a educação infantil, na qual o estudo revelou um aumento de 4,2% no número de matrículas em todo o Estado. No entanto, em termos gerais, o censo apontou porcentagens negativas com relação às matrículas realizadas no Paraná. Dentre as áreas analisadas, seis tiveram mais matrículas em 2007 do que em 2008.

A que mais se destacou negativamente foi a educação especial, na qual foi registrado um número de matrículas 27,8% inferior ao de 2008. Em seguida, a educação de jovens e adultos, com índice negativo de 6,1%; educação infantil pré-escola, com 0,7%; e educação básica, com índice negativo de 0,1%.

Nos 199.761 estabelecimentos de ensino do País estão matriculados 53.232.868 alunos, sendo que 46.131.825 estão em escolas públicas (86,7%) e 7.101.043 estudam em escolas da rede privada (13,3%). As redes municipais contam com a maior parte dos estudantes, respondendo por 24.500.852 matrículas (46%).

O Censo Escolar é feito anualmente pelo Inep. Os dados gerados são utilizados pelo Ministério da Educação para a formulação de políticas e programas voltados à educação. (LC)

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