Os professores que participam do Festival de Arte da Rede Estudantil (Fera), em Guarapuava, contam com cinco oficinas para aperfeiçoar seus conhecimentos sobre as diversas áreas e técnicas da arte.Uma das oficinas que mais chamou a atenção dos participantes é a ?Aprendendo a ler as imagens em movimento?, na qual, aproximadamente 20 professores de todas as disciplinas estão aprendendo a importância de usar a linguagem áudio-visual em sala de aula.
Para a oficineira Vanessa Durando, que é formada em Letras, pela universidade italiana Statale di Torino e também é crítica de cinema, o objetivo da oficina é repassar aos professores todas as ferramentas necessárias para que eles não utilizem apenas os conteúdos dos filmes, mas também, apresentem os aspectos formais e estéticos em sala de aula. ?O cinema pode ser uma forma bem interessante de trabalhar com as crianças e os adolescentes utilizando vários códigos cinematográficos como o visual e sonoro e assim, abordar as diversas questões pedagógicas?, acredita.
Para Durando, o cinema pode contribuir para estimular a interdisciplinaridade nas escolas. ?Todas as disciplinas podem se unir utilizando o cinema?, afirma. ?Os professores podem criar uma ambientação ? como o figurino, a roupa e o ambiente onde se passa o filme ? para uma filmagem e ao mesmo tempo criar uma ficção sobre algo que esteja ligado à sua disciplina e usar uma trilha sonora em cima e assim, envolveria a música. Acredito que várias coisas podem ser trabalhadas ao mesmo tempo no cinema?, disse.
A professora conta que durante a banca de talentos de alunos, promovida pelo Festival, os professores levaram o romance da Ana Terra, de Érico Veríssimo, e pediram para os alunos filmarem a apresentação. Eles escolheram uma ambientação e fizeram um médio-metragem de 20 minutos sobre esse conto da literatura brasileira. ?Para mim, essa é uma maneira de aproximar a literatura e envolver também outros aspectos da arte?, ressalta.
Vanessa Durando explica que se o professor usar apenas o conteúdo que o filme traz, perde-se uma ferramenta maravilhosa que pode ser ligada à educação. ?Muitas vezes eles usam o cinema em sala de aula só pelo conteúdo. Isso pode ser usado, mas é explorar apenas 10% do que o cinema poderia oferecer em termos de educação?, ressalta.
O que o professor pode fazer, de acordo com a oficineira, é observar como o conteúdo é apresentado no filme e criar algo em cima. ?Hoje, a tecnologia ajuda muito a fazer cinema. Basta ter uma filmadora para criar um áudio-visual e fazer um trabalho muito criativo e multidisciplinar?, conclui.
Novidade
A professora de história, Maria José Simon, do Colégio Estadual Doutor Afonso Alves de Camargo, de Rio Azul, afirma que esta é uma ótima oportunidade de aprender coisas novas. ?Vou levar para a minha escola muita novidade que estou aprendendo aqui no Fera. Há muita informação que nos meus 23 anos de escola não conhecia. Hoje, eu tenho a possibilidade de trabalhar com os meus alunos filmes históricos seguindo este método?, acredita.
Já para a professora de história e Estudos Sociais, que atua como professora de apoio para alunos com necessidades especiais, do Colégio Estadual Professor Pedro Carli, de Guarapuava, Dirlene Sanson Buss, participar da oficina ajudará incentivar a criatividade dos alunos. ?A oficina abre horizontes para fazer uma releitura do mundo. São muitas as novidades que estou aprendendo e isso só acrescenta para que a gente possa fazer uma crítica da realidade por meio dos filmes. Assim, deixamos de ver a imagem aparente e vemos as entrelinhas?, afirma.
