Os 42 anos de fundação da cidade de Missal, no Oeste do Paraná, comemorados no dia 25 de julho, foram lembrados ainda com o lançamento do livro ?Missal ? Tem muito futuro neste passado?, escrito pela professora do Estado, Gisela Lunkes, e que foi presenteado ao governador Roberto Requião e integrantes de sua comitiva.
O livro da Editora Germânica, de 407 páginas, divididas em 100 capítulos, conta os primórdios da história da cidade, a sua formação através de colonos católicos, na sua maioria descendente de alemães, que compraram lotes de terras da Sipal, uma colonizadora fundada pelo padre José Backs.
Lupion doa terras à Igreja
A formação da cidade aconteceu de forma inusitada. Em 1956, o então governador Moysés Lupion doou 100 colônias de terras, totalizando cinco mil alqueires paulistas, no Oeste do Paraná, às dioceses de Jacarézinho, Palmas, Londrina, Toledo e Maringá.
Os bispos das dioceses liderados por Geraldo Sigaud ? um anticomunista e ideólogo da TFP ? passou uma procuração ao padre Backs, que através da Sipal Colonizadora Ltda, loteou uma área de três mil alqueires, conforme orientação de Sigaud, para colonos católicos e descendentes de alemães.
?Em 25 de julho de 1963, a Sipal inaugurou oficialmente seu empreendimento, ao lançar a pedra fundamental da igreja matriz, câmara de expurgo de cerais e do armazém de produção da cooperativa. Outro fato importante foi a primeira missa, prestigiada com a presença de várias autoridades e recebendo destaque na revista SKT Paulusblatt?, descreve Gisela Lunkes.
Alemão, idioma falado
A revista em alemão, que era o idioma mais falado na localidade, conforme constata o engenheiro Roberto Brandão, que demarcou a área e os lotes dos colonos. ?Roberto Brandão lembrou ainda os costumes, as comidas e a língua alemã que conheceu com os moradores de Missal?.
Ele contou que, em certa ocasião, numa reunião no início da cooperativa, alguns sócios tinham dificuldade de conversar em português e não sabiam como se expressar. Era um assunto de vital importância e a discussão ficou acalorada. Todos sabiam falar alemão, menos ele, que propôs que a reunião tivesse continuidade em alemão. Todos riram, se admiraram que a proposta tivesse partido de alguém que não falava alemão. A reunião prosseguiu em alemão?, diz um trecho sobre a biografia do engenheiro.
Nome religioso
?Os bispos queriam um nome que significasse objeto religioso para simbolizar de alguma maneira sua origem inserida no fato religioso. Todos a conheciam como Gleba dos Bispos. Foram sugeridos vários nomes. O nome escolhido foi Missal, inspirado pelos colonizadores e pioneiros, baseado no livro em que o sacerdote se orienta para celebrar a missal ? fanal do trabalho espiritual do sacerdote, assim como as terras são fanal do trabalho material do agricultor?, explica o livro sobre a origem do nome da cidade.
O livro traz ainda a lista das famílias pioneiras, com uma breve biografia de cada uma delas, além da história de todas as comunidades rurais da cidade. Para escrever o livro, a professora Gisela Lunkes formou o projeto Chá de Memórias e contou com apoio de depoimentos de pioneiros dados aos integrantes do projeto.