O professor de Ciência Política da Fundação Getúlio Vargas e da PUC-SP, Francisco Fonseca, disse em entrevista à Rádio Nacional AM, de Brasília, que a migração e transferência de votos dos candidatos derrotados para os vitoriosos no segundo turno das eleições para prefeitos é uma ?incógnita?.
Ele deu como exemplo a disputa em São Paulo. ?O PT e os apoiadores do ex-prefeito Maluf (Paulo Maluf) sempre tiveram uma posição contrária, e hoje a atual prefeita e candidata, Marta Suplicy, pede voto desse eleitorado historicamente adversário do PT. De qualquer maneira, o fato é uma particularidade de São Paulo, que tem partidos fortes, diferentes de outros lugares em que os partidos são mais fracos, caso do Rio de Janeiro, em que houve uma perda muito forte do poder partidário?, disse.
O professor considerou essas eleições mais éticas. Para ele, existem casos de compra de votos e de abuso do poder econômico mas já se observa um avanço no país. ?Como o Brasil é muito grande, em dimensões continentais, é muito difícil acabar com isso de uma única vez. É sempre um processo muito longo?, lembrou o cientista, que ressaltou que as leis, no entanto, estão melhores e há candidatos cassados por compra de votos.
?Além disso, a urna eletrônica está dando uma maior credibilidade ao processo eleitoral, somada a algumas Organizações Não-Governamentais (ONGs), que fiscalizam os poderes Legislativo e Executivo. Além disso, há uma maior mobilização na sociedade brasileira?.
Francisco Fonseca disse que o país avança ?na consolidação da democracia, ao mesmo tempo em que persiste o excessivo uso do marketing eleitoral?. Segundo o professor, o eleitor se tornou consciente e aprendeu a votar, mas observou que os meios de comunicação concentrados nas mãos de poucas famílias e financiamentos privados de campanha ainda continuam.
?Acho que temos que olhar estes dois movimentos aparentemente contraditórios, pois a política funciona assim, com uma certa contradição?, disse.

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