Brasília – O professor de Audiovisual da Universidade de Brasília (UnB), David Pennington, considera a cota de tela – mecanismo que define um mínimo de exibição de filmes brasileiros por sala – importante para que o filme brasileiro ocupe seu espaço. ?Vários países, como a França, têm uma política de audiovisual em que há um espaço cativo para seu cinema, porque o cinema é considerado além de um produto industrial e comercial, um produto cultural. O que talvez me cause espécie é pensar que o mercado pudesse direcionar a expressão cultural, isso não?, observou.
Decreto de 28 de dezembro estabeleceu que neste ano a cota de tela será de 28 dias para exibidores que têm apenas uma sala. O decreto determina ainda um número mínimo de títulos a serem exibidos, que são dois no caso de uma sala. No ano passado, a cota de tela foi de 35 dias para salas únicas. O mecanismo aumenta gradativamente, de acordo com o número de salas por complexo, e atinge, em 2007, o número de 644 dias para um complexo de 20 salas, onde devem ser exibidos pelos menos 11 títulos ao longo do ano.
Citando o fundador da Cinemateca de São Paulo, Paulo Emílio Sales Gomes, o professor da UnB disse que o hábito de assistir filme brasileiro é fundamental para que o brasileiro pense sobre si, seus costumes, paisagens. ?Nos vermos na tela é essencial para nos reconhecermos e, para olhar nesse espelho e não ficar constrangido, nem espantado?, afirmou. Para o professor, a reserva de mercado criada com a cota de tela influenciou positivamente no crescimento do cinema nacional.
Segundo o secretário de Audiovisual do Ministério da Cultura, Orlando Sena, os brasileiros sempre gostaram de filme nacional. "Quando passa um filme brasileiro na televisão, a audiência é altíssima. As pessoas vêem mais o filme brasileiro do que o filme estrangeiro quando o filme produzido aqui é exibido na TV. Não é questão de gostar ou não gostar. A questão é da população ter acesso ao filme brasileiro", avaliou. De acordo com Sena, houve casos como o de "Dois Filhos de Francisco" e "Cidade de Deus" que bateram os filmes estrangeiros enquanto estiveram em cartaz.